terça-feira, junho 15, 2004

Socialismo e Cristianismo

Sabemos que vivemos num mundo sem sentido. Um mundo onde quem não tem qualquer ideia é, por vezes, o único coerente.
As ideologias modernas são um conjunto de “flashes” psicolóogicos, onde a adesão é algo de reactivo, pavloviano, irreflectido. A natureza moderna, a natureza que escarnece dos clássicos é a mãe desta redução ou endeusamento da razão humana.
O socialismo faz a apologia da razão do amanhã. O homem obedece a esse “devir histórico”, a esse amanhã redentor. A que todos podem aceder pela leitura do demiurgico “O Capital”.
O nazismo fez o contrário. Destruiu a razão. O Homem ée Senhor ou Escravo, e a sua organização á uma mera questão de Poder ou Força (reduzindo a fronteira da filosofia ao terceiro diálogo da República, entre Sócrates e Trasimaco, sendo a Justiça o argumento do mais forte).
Ambas as perspectivas, as mais descritivas dos males do mundo moderno, pretendem a resolução absoluta dos problemas do Homem, através do Raciocínio e da Palavra do Fuhrer…
E o que se passa com qualquer ideologia moderna. Pretende redimir o Homem, criar o Paraíso Terrestre. Algo que sempre foi o oposto, pelo menos até ao Vaticano II, do que a Igreja (sim, a única que é possível ser verdadeira, a de Roma) defendeu.
A Igreja, mesmo nos meus momentos de ausência de fé, foi sempre uma visão do espírito contra a carne, da ideia não vergada à limitada visão do circunstancial e do material. Acredito que a Igreja que se preocupa mais com a carne do que com o espírito se condena a ser um país ou um poder semelhante ao dos imãs muçulmanos, se condena a ser, como o nazismo ou o socialismo, uma religião política.
A Igreja tem também a necessidade de ser política, de garantir um mundo onde possa existir e cumprir a sua função espiritual. Por isso é que tanto entrou em disputa com as ideias revolucionárias, como criou uma ideologia política e espiritual, a democracia cristã, que é um compromisso com a modernidade…
É fundamental compreender a imcompatibilidade radical entre o socialismo, mesmo o socialismo democrático que vemos nos partidos portugueses (exceptuando o CDS-PP, PND, PNR e pouco mais), e a mensagem da Igreja.
Não é possível considerar a importâancia do espírito e depois defender politicamente a supremacia do material sobre o Homem!
Não se pode dizer que o Homem sóo se move por elementos materiais e depois pedir-lhe um comportamento moral, que resista às necessidades do corpo.
A ideia que subjaz ao aborto da parte da esquerda portuguesa é bem demonstrativa do que digo. PCP, BE e PS (o PSD diz que é uma questao individual dos políticos, que ée o mesmo que nada dizer) afirmam que o aborto é uma questãao de escolha individual…
Porque o Homem se encontra sob os ditames das suas necessidades freudianas e económicas, não pode resistir a esses impulsos. O Homem encontra-se esvaziado daquilo que o torna mais humano, a sua moralidade. Move-se por impulsos que são inavaliáveis moralmente… a moral só existe sob o prisma do futuro e não da acção presente (se no futuro a moral vai ser diferente desta é porque esta não é válida, nenhuma será válida!).
O adolescente ou mesmo a criança que tem relações sexuais, não está a fazer mais que cumprir o que a natureza lhe diz… Não é responsável!
A ideia de “temperança”, “coragem” ou “virtude” é absolutamente estranha à concepção socialista, porque o Homem é pequeno e nada mais faz que obedecer…
O Cristianismo diz exactamente o contráario. Diz que a políitica nada mais pode fazer que ter um conteúdo moral, que se submeter a esse Bem Comum, e que a liberdade só pode ter como objectivo a ascensão espiritual do Homem, a libertação dessa “carne”, glorificada pelo socialismo. O Homem é resistência, é “agonismo” (combate entre a necessidade e a virtude)
É por isso que o socialismo nunca poderá ser cristãao… A frequência desta forma de pensar é um sintoma dum mundo que perdeu o sentido! Sintoma de um mundo de reacção, reflexos e slogans…

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