Punições, Preocupações e o Problema
Estranhamente encontramos na Europa uma discussão em surdina sobre a Europa.
E é em surdina que se vai fazendo a democracia!
Em surdina porque os povos, sobre os quais deveria repousar a democracia, demonstram claramente não estarem prontos para responder sobre os assuntos mais importantes da sua vida (com uma participaçao de 40% é difícil compreender as implicações para a soberania popular. As decisões não são tomadas pela maioria!). O que não deveria constituir surpresa, pois essa incapacidade de análise, indisponibilidade de tempo e interesse, ée uma constante das massas de toda a história europeia!
Há dois tipos de opções nestas eleições.
A Punição
A punição dos governos parece ter sido prática generalizada.
Em Itália ganhou a Esquerda, mas a custo de um voto útil, que absorveu a quase totalidade de esquerda e reforçou a Aliança Nacional.
Na Alemanha a CDU esmagou o SPD, sem nenhuma outra discordância que não seja em matérias económicas.
Em França puniu-se Chirac com uma uniãao da esquerda sob os socialistas. O costume… quando Le Pen falar vai tudo votar Chirac outra vez….
Em Espanha há estado de graça… com uma vantagem de 2%! Um aviso…
Em Portugal há um ex-comunista que não consegue passar a imagem de trabalhador (falta-lhe um bocado de Cavaco). É um problema de estilo, que Durão não tem.
Em quase todos os países a discussão foi o Governo e não a Europa...
A Preocupação
Dois países são o centro do Eurocentrismo. Polónia e o Reino Unido disseram que o Não à UE está mesmo ali à porta. Por razões distintas. No Reino Unido preocupa a centralização, a soberania, o perigo para a Independência, Natureza própria do ser Britânico (uma lição para toda a Europa)! O UKIP, partido pela independência e pela saída da UE ficou a poucos votos do Labour, com a sua pior votação das últimas décadas e que mal ficou em segundo, atrás dos Tories.
Na Polónia o eleitorado avisou que quer uma sociedade católica, orgânica, contra o geometrismo e o racionalismo de Bruxelas. Quer uma sociedade baseada na sua fé…
Por isso a Liga das Famílias ficou em segundo, avisando que quer ver respeitadas as especificidades, que são a origem do seu própria identidade, tantas vezes perigada na História.
O Problema
Como se faz agora a decisãao no Parlamento Europeu? O PPE está dividido…
Primeiro porque nela se encontram distintíssimas orientações políiticas (em boa verdade não existe um centro e uma direita europeias)!
A democracia cristã é federalista por essência, mas tem-se assustado com o aumento da máquina europeia e cada vez mais se agarra ao princípio da subsidiariedade, para dizer não a Bruxelas.
Os Partidos Social Democratas do PPE são, norma geral, progressistas, achando que a UE irá tornar-se por si própria uma sociedade única. É um federalismo encapotado.
Há depois os Partidos Populares que são uma forma “sui generis” de populismo.
São partidos tipicamente ao estilo do Republicano Americano, porque consideram que são partidos da “sociedade” contra o abuso das ideias de esquerda, socialistas. Consideram-se um reduto dos conceitos da sociedade e consideram que os valores societais da maior parte da sociedade devem ser defendidos.
São o típico partido de consensos face aos radicais. Não tem um sistema doutrinário organizado e coeso, não pensa valores, apenas propõe os já existentes na sociedade.
Por isso se tornará difícil encontrar uma medida única e uma tarefa única para estes partidos.
Fala-se já na cisão do PPE e na sua divisão entre Euro cépticos e Europeistas dentro da bancada… Talvez seja altura de separar as águas!
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