sexta-feira, abril 18, 2008

Modernidade Ofensiva











Nos Estados Unidos a era das grandes exaltações patrióticas veio na forma do Destino Manifesto. Trata-se de uma forma de Nacionalismo curiosa, uma vez que, como não é infrequente em muitas formas nacionalistas, procura desvirtuar as formas de vida comunitária existentes até aí. A América não mudou assim tanto nessa época, mas a ideia de que a Liberdade que os EUA trariam ao Mundo seria uma entidade única e não um conjunto de formas de vida prósperas, manteve-se no imaginário americano. Em vez de liberdades, como compreendida no sentido britânico, a Liberdade apresentou-se como um facto.

Observando a fundação americana, verifica-se o inverso desta situação e o claro antagonismo que envolve ambas as visões do carácter essencial da América. Os Fundadores, gente que vinha de um contexto de perseguições religiosas, criaram uma estrutura funcional para que não tivessem de discutir a questão do Bem que havia gerado o seu exílio. Remetido o Bem para a questão privada, a ordem jurídica e constitucional ganhou uma discursividade autónoma e própria, não se discutindo com referência à bondade das normas, mas quanto à sua conformidade com o momento fundador.

Não há nada mais anti-americano que algo que foi uma solução para a questão do Bem e para a obtenção de uma paz secularizada e funcional, como a reinvenção moderna da Democracia, transformar-se agora em critério de Bem, do Justo e da legitimidade internacional. Talvez seja o início do declínio do espírito americano, o que não significa o declínio do Poder dos americanos, mas o início da sua queda, ainda que no máximo do seu poderio.

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