sexta-feira, abril 27, 2007

Sobre os Caminhos e as Imagens





















Creio que a tradição da Igreja é o horizonte que dá ao ser humano o melhor vislumbre do que é a verdade do Sobrenatural. Não entrando na discussão teológica, parece-me ser seguro afirmar que esta discussão sobre o "limbo" é mais reveladora do desejo de criar um Deus à imagem do Homem e por este vinculado, que outra discussão qualquer.
O Homem não tem outro instrumento para compreender que não seja a razão. Instrumento limitado, mas muitas vezes suficiente para compreender para além do seu mundo. Felizmente, ao contrário do que vão pensando os mais ousados, a razão humana não tem capacidade de dar ordens a Deus. Quando observamos a Doutrina da Salvação vemos com perfeita clareza que a Revelação sem a sua tradição interpretativa é tão maleável que conduz inevitavelmente ao erro e à Morte de todo o Espírito. Este assomo de protestantismo vem da parte de todos os que consideram que a sua interpretação da Divina Misericórdia deve prevalecer acima da forma como ela é entendida e se estruturou durante séculos. A Divina Misericórdia sempre existiu, mas alguns consideram agora que só quando Esta ultrapassa a Tradição e lhes serve o seu desejo e o conforto de ver os que não tiveram capacidade de vislumbrar a Graça aproximados da Visão Plena, se pode considerar que esta governa a Igreja. Parece-me evidente que a nossa razão, como bem revelou São Tomás de Aquino, não consegue vislumbrar as razões para que alguém se salve sem Cristo. Seria preciso, contudo, uma fé dogmática na razão para achar que Deus não vive para além da racionalidade que o homem consegue aperceber. Crer nisso é crer que demasiadamente na capacidade humana para a interpretação e, segundo me parece, esgotar nas palavras dos homens a Palavra de Deus. Parece-me tão errado querer vincular Deus a um desejo deste mundo, como crer que a Tradição esgota o transcendente.

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