sexta-feira, abril 27, 2007

O Predomínio do Liberalismo Ideológico














Uma das vertentes mais importantes do "Liberalismo que temos" é a aceitação dogmática do 25 de Abril. Não importa que um português do Estado Novo pudesse passar uma vida sem encontrar o Estado (como disse Pulido Valente), que o Estado tivesse muito menos peso na Economia e tivesse meramente como intuito o enquadramento político para que o social-económico florescesse por si. Não interessa, porque para a esmagadora maioria dos liberais portugueses a política é apenas um dogma ideológico, o liberalismo é apenas um sucedâneo da falta religiosa e uma forma de fechar a mente da realidade, ao invés de a abrir ao real. É um jogo de percepção da realidade, mas viciado à partida pelo que se quer ver. Os mais atrevidos, os que ousam demonstrar a forma como esta forma de pensamento se tenta implementar para controlar a nossa percepção da realidade, são muitas vezes desajustados e escorraçados. É o peso da liberdade.
O Pedro Arroja demonstrou a forma como "Inquisição anti-semita", e de como esta é criação dos filhos do Marquês (as forças da secularização), e como a verdade secularizada não tem sido mais que os interesses do Estado.
A machadada final veio quando o Pedro Arroja afirmou o exercício extremo de cuidado na análise dos posicionamentos intelectuais de judeus, pela forma como estes colocam a continuidade comunitária acima do elemento Verdade. Caiu o Carmo e a Trindade...
Infelizmente parece-me que o Pedro Arroja tem razão. Quando se possui uma mundividência que se sobrepõe à verdade (a ideia de que mesmo um judeu que abjura os princípios da sua fé, faz parte do Povo eleito) e que está ligada por laços de consanguinidade e genética acima dos vínculos espirituais, nada mais normal que a continuidade comunitária ser o sumo guia da acção humana. Dizer que esta relação entre fé e razão no Judaísmo é desprovida de interesse para reflectir sobre a valia de uma argumentação é, não apenas uma idiotice, mas uma idiotice politicamente orientada. É o mesmo que afirmar que sou racista por desconfiar de um niilista que discursa sobre a verdade...
Esta orientação política perante uma realidade pré-estabelecida pela Vontade é a verdadeira face do liberalismo ideológico. E eles não querem que exista outro, como é evidente pelo cerco ao Pedro Arroja...