quinta-feira, abril 19, 2007

A Acção depois do Mundo que Acabou













Tempos houve em que nos podíamos dar ao luxo de não discutir Deus, a Pátria ou a Família. Agora é simplesmente um mau serviço que prestamos a essas bases de qualquer sociedade se não as conseguimos discutir, mostrando como uma sociedade sem essas traves-mestras é uma sociedade doente.
Quando dizemos que algo obedece ao Bem Comum, não estamos a dizer que é ideia perfilhada por todos, mas que existe nessa ideia uma vantagem para todos os membros. Somos inevitavelmente partes, mas libertamo-nos dessa parcialidade pelo pensamento e pela natureza racional. Por isso ser uma parte, como foi o Condestável, como foi Salazar, não implica parcialidade. Há homens capazes de ver o Bem Comum e outros que não. A diferença entre a União Nacional e o PCP é precisamente a forma como uma defendia o Bem Integral da Nação e outro um suposto conjunto de bens privados. Embora ambos sejam parcelas, tomo sempre o partido dos primeiros…
Esta parece-me ser a questão essencial.
Na comunidade que se deseja é fundamental que nem tudo seja discutido. Este limite de fechamento de uma sociedade deve ser o máximo horizonte da discussão política (não da intelectual, porque não deve haver limites ao conhecimento). Infelizmente não vivemos nessa condição em que havia bons consensos sociais sobre o papel de Deus, da Pátria e da Família na vida dos homens (e infelizmente não são verdades auto-evidentes). Há que discutir e que lutar. Da mesma forma que foi parcial a nossa acção cívica no Referendo à Vida esta, lutou pelo Bem da comunidade. Nem sei se num tempo de partidocracia é possível qualquer acção política que não passe por partidos, da mesma forma que a causa dos pobres numa oligarquia tem sempre de ser defendida pelos ricos. A minha posição é a mesma que em relação à Monarquia por via referendária. É aceitável se assumir que o objectivo é terminar com a partidocracia e restaurar a primazia do Comum sobre os interesses privados. É aceitável toda a acção, partidária ou não, que conduza ao ultrapassar de uma situação em que a oposição critica tudo o que o Governo faz, por encarar a política como um jogo clientelar de luta pelo Poder. Se a essa parcela social se chama partido, movimento ou associação, é indiferente.
Esperar que seja a Providência a fazer todo o trabalho é que já é mais arriscado…