Coisas do Diabo
É frequente ouvir gente a denegrir a memória de Salazar, afirmando-o mandante de muitos crimes. Ninguém se insurge, tudo corre às maravilhas. No entanto algumas alminhas mais sensíveis mostraram-se muito indignadas quando se expuseram elementos da acção de Aristides Sousa Mendes que eram certamente ilícitos criminais. Um artigo de hoje de O Diabo é perfeitamente claro quanto a essas acusações.
Quando Clara Ferreira Alves afirmou que Sousa Mendes é a grande cara do desafio a Salazar, e que o castigo do Presidente do Conselho foi a condenação a uma existência de miséria, percebe-se o grau de mitificação a que estamos a ser sujeitos.
No artigo de hoje é esclarecida a benesse que Salazar concedeu a Aristides, reconhecendo-lhe a passagem à disponibilidade com direito a vencimento e não a despromoção profissional que havia sido defendida pelo Conselho Disciplinar constituído por seus pares. Nem Sousa Mendes foi expulso da carreira consular, nem sequer os crimes que praticou se deviam a humanitarismo, uma vez que havia, anteriormente ao êxodo dos judeus de França, incorrido na mesma falsificação de documentos.
As razões são absolutamente evidentes e são transmitidas pelo “memorando” da Embaixada Britânica de 20/6/40 que esclarecem a forma como o Cônsul extorquia os tão necessitados fugitivos, convencendo-os a dar dinheiro para um fundo que o próprio administrava.
Grande? Grande quê?!
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