terça-feira, outubro 09, 2007

O Socialismo Histórico

O Nacionalismo apresenta-se hoje como uma perspectiva muito pouco apelativa, excepto para os que a ele se juntam por más razões. Todo o tipo de nacionalismo é considerado válido e aceitável. São muitos os que disfarçam as suas obsessões raciais na palavra Nação, ignorando o seu carácter histórico e a forma como esta se projecta no domínio dos valores. São os que pensam que a Nação é o que eles próprios desejam, que acham que uma geração é livre de pisar as campas dos seus antepassados. Esta é a pior forma de “socialismo”- considerar que cada tempo e geração tem o direito a destruír os séculos que o precederam. Os movimentos nacionalistas actuais estão, no plano moral, a defender a destruição do Mosteiro dos Jerónimos. Acham que a construção dos antepassados não faz sentido e estão dispostos a demoli-la em favor da eficiência, segundo o que leram nas suas ideologias estrangeiras.

Não sigo o argumento ultra-comunitarista de que apenas os nossos compatriotas podem ser nossos mestres. Deixo isso para os dementes que querem ser compatriotas de Deus ou que acham que há deuses para cada xenótipo... O perigo da ideologia para o nacionalismo não vem das origens dos seus mestres, vem da forma como os autores e as suas ideias têm a tendência para o Total, para destruir as identidades históricas e substituí-las por entidades vazias e sem valores que não sejam a sua total submissão à cartilha. O problema do nacionalismo actual vem da incompreensão de que existe uma narrativa, uma história que lhes é anterior e que têm de aceitar para que nela se possam inserir. São os nacionalistas do povo branco, dos indo-europeus, da Europa, da Galaécia, de um qualquer povo bárbaro. Só aceitam pertencer uma comunidade que não lhes limite a Vontade... o oposto de qualquer Nação que não se insira no paradigma esquerdista e moderno da pátria futebolizada e dos separadores de canais de televisão. Insistem em ter o “direito de admissão” à Nação, não apenas no futuro, mas na escrita do passado, definindo com carácter retroactivo quem foi português e quem não foi. Mais uma vez, esta posição “socialista” não aceita as decisões das instituições políticas do passado de Portugal, mas subordina a Nação à sua posição momentânea e ocasional.
Isto é fundamental no nacionalismo. Não ver isto como uma diferença essencial entre aquilo de que se é nacional, é cair na falácia das ideologias... E ser tão ideológico como os demais.

Hoje fala-se de Nacionalismo, mas escreve-se pouco ou nada, sobre o que este é. Política sem pensamento é apenas mais do que já temos, sob um manto diferente.

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