Esticar o Tabuleiro
Os Estados Unidos venceram a Guerra Fria através da descolonização. É interessante que tantas análises debatam o papel da “Guerra das Estrelas” no fim da Guerra Fria e tão poucos analisem a forma como os Estados Unidos aumentaram o campo de batalha à África e à Ásia para aumentar os custos de um sistema económico inviável. Foi a descolonização que tornou a URSS uma superpotência, dando-lhe uma necessidade e uma oportunidade de ganhar em “tabuleiros” que até aí não tinha qualquer hipótese de conquistar. A estratégia de dar oportunidades a um bloco antagonista compensou de sobremaneira, porque era evidente que, se se conseguisse manobrar o jogo nuclear, o sistema soviético iria implodir e deixar os seus despojos para uma nova concepção de presença estrangeira, mais barata e eficaz. É sem dúvida mais eficaz sustentar uma elite opulenta do que construir hospitais, escolas, estradas, e tudo isso aumenta o preço da mão-de-obra, sobretudo quando se quer apenas lucrar com explorações extractivas de baixa tecnologia. Para tal efeito as independências que não assumissem o predomínio da maioria negra e com a total destruição da indústria e serviços, não serviam... O que Salazar tentou em 1961 junto dos americanos, um roteiro progressivo para a independência, estava condenado ao insucesso por essa razão.
É evidente que nestas coisas da política a prudência é importante, mas não se deve confundi-la com imoralidade. Quando as vidas de portugueses estão em jogo, quando direitos e aspirações legítimas das populações estão em causa, a capitulação é uma dessas imoralidades. Tanto é assim que só na Guiné a Guerra estaria a ponto de poder ser perdida... Tantos anos de Guerra e conseguiram-se em Angola, Moçambique níveis de desenvolvimento surpreendente.
Outros catorze anos de guerra, sem entreguismos e desprezo pelos brancos, indianos e pretos, que construíram a África e teríamos uma força internacional combater o terrorismo que matava bébés à “catanada”.
E por estranho que possa parecer, ainda há gente que pactua com esta maneira de ver o mundo...
Etiquetas: Internacional
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