quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Da Tolerância Moderna

É com pena que vejo o Jansenista falhar o alvo perdulariamente. Se acertou na ausência de Doutorado, que me garantem que JNP é apenas Mestre, falha claramente a ideia de que um relativismo não pode ser fundamentalista. Quando Burke observava os homens de seu tempo, em particular os radicais protestantes (Dissenters), estranhava a emergência de um pensamento peculiar. A completa novidade residia no facto de defenderem, estranha e ferreamente, não apenas a difusão da Verdade, mas a difusão livre de qualquer opinião...

Estranho pensamento o que acha que o facto de eu dizer alguma coisa, mesmo desprovida de sentido, deve ter protecção jurídica. Mais estranho por proteger elementos desprovidos de conteúdo.

Os protestantes inauguram assim uma estratégia inovadora.
Considerando que mais importante que a Justiça governe a cidade, é necessário alcançar a paz, uma vez que é na riqueza material que se consegue o Paraíso Terreno, a ausência de conflitos, a abundância[1]...
Deste propósito se compreende imediatamente a razão da “tolerância” de John Locke. Todas as ideias políticas e religiosas são permitidas, desde que não conflituem com a “Paz Social”. Daí o despotismo governamental e a nebulosidade de conceitos como a liberdade, bem como a ausência de um critério coerente e permanente.

As religiões permitidas são apenas as religiões protestantes, uma vez que são estas que consagram que a liberdade de expressão é mais importante que a Verdade, que consideram que o político deve sobrepôr-se às concepções de justiça...
Estas “religiões intramundanas” divinizam o que é terreno e são, como se pode ler na New Science of Politics de Voegelin, a origem própria dos fundamentalismos modernos, que se consubstanciam no Nazismo, no Comunismo e na concepção rousseauniana de vontade geral.

O fundamentalismo lockeano e a sua concepção de “liberdade” podem ser apreciados num tribunal austríaco perto de si...

___________________________
[1] Note-se a semelhança com o paraíso comunista de Marx, protestante na sua essência.

Etiquetas: