terça-feira, fevereiro 14, 2006

Janelas (I)















Tenho para mim que os grandes visionários são os homens que cheiram o sangue. O problema de hoje não é que os grandes homens não existam, mas que o nosso futuro não inclua sangrias, o cheiro da carne queimada, os choros das mães com bébés ao colo, as fomes e pestes... É por isso que não cheira “à légua”!
O nosso futuro é uma caverna sombria, mas revestida de almofadas e tv por cabo...
O triunfo decisivo conquistou-se já, quando a Medida foi perdida.
No momento em que a prisão triunfa sobre a resistência humana e horizonte único é o conforto da cela, almofadada, cheia de passatempos (a família é um “investimento emocional” dizem-nos os manuais...) e luzinhas.
Ser escravo por vontade não significa liberdade!

O escravo, já diziam os gregos, é aquele que não tem capacidade de se governar, porque nada vê para além de um conjunto de interesses, seus e doutrém. Sem critério, está dominado pelo apetite ou consumido pela sua individualismo (um refúgio comum ao que lemos por aí)...

Sabemos que o tempo não está para brincadeiras quando olhamos para o lado e as pessoas que respeitamos já não se importam, os mais inteligentes estão consolados por imagens...
É esta a “questão straussiana”!
Num mundo moderno onde o sentido das coisas se perdeu em nome da operacionalidade e onde a operacionalidade se tornou essência o que poderemos fazer para retornar a um diálogo filosófico que faça sentido?
Se a modernidade nos conduz à destruição, ao egoísmo ou ao altruísmo, à destruição das virtudes morais, mas se a modernidade é, também, a única forma de diálogo que nos permite comunicar no nosso meio, o que podemos fazer?

A resposta neoconservadora é a forma pragmática e contemporânea de pensar a política. Nesse sentido o neoconservadorismo é a última versão da direita (a resposta do hoje à esquerda), que não se funda num conhecimento profundo ou numa reflexão moral de interesse, mas num conjunto de ideias modernas (que a homossexualidade prejudica o todo social, que os divórcios prejudicam o desenvolvimento intelectual dos filhos...).
Os neoconservadores têm, porém, consciência das limitações da sua resenha! Por essa razão afirmam que o seu pensamento é algo de limitado e sem solução para nada que não seja a manutenção do “status quo”. Nesse ponto aceita a derrota do straussianismo e a incapacidade de gerar um sistema de crenças que se situe acima do conforto e do privado! Daí que os neoconservadores tenham sempre aceitado que a única forma de gerar uma boa sociedade seria através de uma grande construcção metafísica (algo que os próprios se recusam a fazer e que censuram apelidadando de extremistas todos os que o fazem).

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