quarta-feira, junho 23, 2004

Para ler com calma e seriedade

As perguntas que fiz, em relação à justificação para a independência de Angola, NADA!
Nada o nosso caro Mangole disse acerca disso… Nada acrescentou ou respondeu.
Apenas o desfiar da literatura das escola marxista das colónias.

Primeiro, faz um apelo nihilista e relativista da cultura, e depois classifica a cultura colonialista portuguesa com alguns epítetos que me absterei de repetir. Há aqui qualquer coisa que me escapa, mas já conheço essa cantiga dos livros da pós-modernidade. Livros que merecem ser esquecidos… Que coerência é esta?
Ainda assim, e ao contrário do hábito de responder a perguntas com perguntas, indulgenciarei na resposta, porque creio que só assim se poderá chegar a algum lado, a um vislumbre de verdade.

1.A questão da perseguição da Pide ée absolutamente irrelevante, porque com a chegada do 25 de Abril Angola ficaria em Portugal… Não se pode dizer que seria pela perseguiçãao da Polícia que os Angolanos se queriam libertar.

2. Sobre essa falsa afirmação de que o racismo é um factor estruturante da colonização portuguesa, posso afirmar seguramente que incorre em dois erros.
-Primeiro considerar que é racismo uma tomada de consciência ou uma política que considera que existem vários níveis de civilização, diferentes graus de cultura e que existe uma cultura mais alta e mais baixa…
Esta afirmação é no mínimo tendenciosa. Isso tomaria como racismo a discriminação que os subsídios do estado fazem em relação à Alta Cultura e Cultura Popular. O Estado considera que há duas formas distintas de cultura, e uma mais alta e outra mais baixa (uma merece protecção e outra não). Dizer que isto é uma medida racista é no mínimo DISPARATADO.
A compreensão de que uma cultura pode ser mais elevada que outra é uma constatação simples. A roda não é tão evoluída como o vaivém espacial… O Cristianismo é mais evoluído que o animismo de qualquer tribo africana. Quem duvida disto que vista uma folha de parreira e vá encarar o frio transmontano, ou vá fazer uma expedição ao polo sul…
-Em segundo, poder-se-ia dizer que o Português era Racista se tivesse tido uma política de separação face a todos os povos não-brancos do Império. A História e o presente mostram a falsidade do que aí se afirma. A miscegenação ganhou uma preponderância quase mística no Império Português. Os goeses, macaenses, cabo-verdeanos, o que são?
Pretos? Alfredo da Costa, Honório Barreto, Dom Corte Real, Eusébio, eram o quê? Espanhóis? Não sabem quem foram? Oh Português racista e escravizador…
Havia então mais africanos e indianos insignes do que hoje, num continente estagnado!
Quem tem duvidas de que a miscegenação era um facto ou esquece a sua história, ou não a quer conhecer!
Se não houve o mesmo grau de miscegenação em África que na India, esta deve-se mais à incultura dos nativos, à preservação e isolamento dos seus territórios, do que a um asco das outras raças que seria essencial do povo português.
- Se o Estado Português defendeu essas culturas, defendendo apenas condicionantes mínimas, como a supressão de penas capitais, de práticas que consideramos degradantes, como forma de pagamento pela defesa e estabilidade que o estado português gerou nesses territórios. O nosso caro TTN já explanou as medidas do Estado Angolano para reprimir essas formas de vida.
Tem de se decidir. Ou se defende a forma de vida desses povos, preservando-os, ou se defende que deveria haver uma colonização cultural. Se tivéssemos feito colonização cultural estava agora tudo a falar da destruição dessas culturas… Essa destruição fica para o Comunismo, para a religião dos Angolanos, a religião do Eduardo dos Santos.
O que é que querias? Retirar toda a gente do mato? Tirá-los das famílias? Oferecer-lhes automóveis e dinheiro para serem assimilados? Tontice…
Os não assimilados tinham direito à sua existência tribal, à cultura de seus pais e avós, e a decidirem se iriam para a cidade! Que é muito mais do que podem dizer de qualquer momento na sua história!
Não estás sempre a falar da cultura angolana, da maneira de vida dos povos africanos! Essa foi a forma de os preservar.


3. A Diferença entre Portugal, Espanha e a Terra de Ninguém

Para quem não compreende a diferença entre a Independência de Portugal face a Espanha, de Angola face a Portugal, aqui vai.
A diferença entre Portugal e Angola é óbvia. Angola não tem nada de seu, a não ser a ganância de seus governantes. A Constituição é uma imitação da portuguesa, não tem língua que não seja a portuguesa, não tem uma moralidade angolana (nem sequer tem uma moral marxista), não tem uma concepção própria de justiça angolana. Não tem uma filosofia seria angolana, não tem uma justificação existencial, não tem um povo, senão um conjunto de desenraizados que fugiram ou foram raptados para servir no exército e se perderam das suas comunidades, ou de alguns assimilados que acharam que podiam roubar o seu quinhão do que os portugueses lá deixaram. O mesmo se aplica a alguns membros do PCP que por lá pululam…
Como dizia Santo Agostinho e de forma tão aplicável a este caso, “uma cidade sem justiça é uma quadrilha de ladrões”…
Curioso o facto de que o empedernido nacionalista angolano não defender nada para além de coisas que não são angolanas, que não provêm da sua história, que não têm ligação com a sua realidade. Onde está essa cultura africana. Mandaram o Português embora, mas só querem ser como ele. O que é no mínimo curioso para quem lutou pela independência e pela diferença.
Devo dizer que desconheço o Estado Social, a constituição, o marxismo, o totalitarismo na reflexão das tribos angolanas… Talvez tenham nascido em Africa… Talvez.

A diferença de Portugal para a Espanha ainda é mais evidente.
Uma língua é portadora, pelo conjunto de seus vocábulos e fonemas de um conjunto de ideias próprias, de significações partilhadas, que excedem a própria língua.
Para além disso a etnografia portuguesa distingue claramente dois povos, não pela inútil genética, mas por uma cultura ainda pré-cristã.
Da mesma forma o projecto político português consiste e consistirá sempre na defesa desse bem-comum que provém da história e dos traços essenciais da cultura portuguesa (influências judaicas, moçarabes, suevas, cristãs, franciscanas, etc) que conduziram ao momento crucial da história portuguesa, a Nação-Mundo!
Penso que ninguém ignorará que Portugal nada deve a Espanha nestes pontos. Aliás em nada que não seja na sua organização económica, fruto de muitos anos de franquismo e de um Partido Comunista sem peso na sociedade, de sindicatos mais responsáveis que sabem que o povo não está sempre subordinado às suas exigências.

4.Portugal quando chegou a África esta era coisa de ninguém! De que outra forma poderia ser? Povos sem capacidade de se defender, sem justiça. Se não fossem os Portugueses teriam sido outros… Preferias os Franceses ou Ingleses? Então preferias os atentados à vida tribal! Preferias o “ocidentalzinho”, o preto bem comportado?
O branco escravizou?
Não eram os pretos os angariadores de escravos, que se digladiavam de forma a poderem desenvolver a sua agricultura com mão-de-obra gratuíta? Não eram proibídas as batidas de escravos?
Eram. Os que o faziam eram caçadores furtivos! A política portuguesa não era escravizadora, apenas usava o comércio já existente de escravos em seu proveito. A prática da escravatura já não existe em Portugal e continua em África, mesmo sem a procura do “bandido branco” esse papão que serve para todas as mentiras…
A chibata ainda existe! E agora é mais lícito porque ée entre pretos? Que racismo nojento!
Que desculpas há agora?