quinta-feira, julho 10, 2008

Sobre a Tal Religião Política das Ilhas











(futuros representantes de Deus na Terra?)

Diz o amigo Luís Aguiar Santos que nas sociedades católicas o secularismo penetrou com maior violência e com maior sucesso que nas anglicanas. Não me parece que tal seja verdade, ainda que exteriormente assim pareça.
O anunciado cisma na Igreja Anglicana sobre a ordenação de “bispas” é o regresso a uma secularização encapotada que é o traço essencial do anglicanismo. Se uma pessoa se quer divorciar e o direito canónico não permite, declara-se que o Rei tem capacidade para o fazer. Se a sociedade acha que um segmento da população tem o direito ao sacerdócio, ainda que não exista nenhuma boa razão para tal, muda-se a lei, ainda que não exista no seio da reflexão religiosa um argumento interno (uma interpretação coerente das Escrituras ou uma melhor compreensão da doutrina) que tenha alterado o papel ou a natureza desse género. O que existe são apenas elementos exteriores e societários forçados e sobrepostos à doutrina. É perfeitamente evidente que a ideia de que o papel da mulher pode ser igual ao homem, não provém de qualquer reflexão doutrinária, mas de uma adaptação aos tempos da doutrina. Que Revelação será essa?
Isto (juntamente com uma religião que mistura obediência política e religiosa e como substrato comum um conjunto vazio que vai da High Church a formas religiosas de uma vulgaridade assustadora) é suficientemente grave para percebermos como se pode chamar religião a um projecto político que é secular, mas que pretende manter vestes cristãs.

A aceitação do bispado feminino teve uma feliz consequência. Mostrou que não é através da diluição do Catolicismo que a unidade dos crentes se fará.