quarta-feira, fevereiro 13, 2008

Sobre a Política na Forma de Pontos

Um amigo passou-me um panfleto de um novo partido da área da direita. Não acreditando que a política se faça por pontos ou axiomas de interesse prático, mas pela aplicação ao concreto de princípios, só posso ficar um pouco céptico.
Ler um conjunto de medidas e encontrar interesse ou mesmo adesão não significa identificação com um ideário.
Quando alguém afirma que quer defender a liberdade de expressão, interessa saber quais são os seus limites, qual a sanção à mentira, como se vai aferir a verdade. Quando se fala de defesa da família é preciso perguntar «que família?». A contemporânea, o núcleo mais próximo, a família alargada enquanto núcleo de sustento económico, aquilo que cada um achar que é a família (em perfeita consonância com a liberdade de expressão...)? É preciso conhecer os limites do Direito ao Trabalho, saber a razão da manutenção da agricultura e pescas (se é por um direito individual ao trabalho que os indivíduos desejam, se é por uma questão de tradição, se é para a manutenção dos modos de vida com valores próprios, se é por questões territoriais...). É necessário saber o que é uma economia livre com preocupações sociais (se há um direito ao sustento por parte do Estado e em que casos ele não se aplica, se os indivíduos têm direito a fundos públicos para a sua sustentação, como se pode limitar esse direito sem entrar pela controlo do número de filhos e da saúde do cidadão?).
O mais importante é sempre o que não é dito...
Há uma razão para os movimentos políticos importantes terem sempre bons movimentos intelectuais na sua génese.

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