quarta-feira, fevereiro 06, 2008

O Vosso País














Dirijo-me aos moderados deste país. Aqueles que acreditam na tolerância como virtude, na democracia como princípio, na liberdade como finalidade da sociedade. Tenho apenas algumas coisas a perguntar-vos.

Em Portugal houve recentemente uma evocação da memória de um homem que morreu assassinado. Junto a ela uma manifestação de celebração dos seus assassinos (segundo a polícia, devidamente autorizada), onde, na via pública, se tentava perturbar a manifestação de pesar.
O que me dizem? É esta a liberdade que desejam, que tenta impedir e provocar uma acção de pesar por um homem assassinado, como se a morte fosse um bilhete para o “Prós e Contras”? É com esta gente que se querem sentar e debater os fundamentos de um país?

No vosso Parlamento o líder da maioria rejeita um voto de pesar por um chefe-de-estado assassinado. Diz o parlamentar que a República não pode ficar sob escrutínio, no que é uma clara admissão de culpa do regime e de inspiração nos princípios dos predecessores homicidas. A admissão de culpa de um parlamentar da República não suscita a indignação de ninguém. Será que a apologia de um homicídio já não suscita sequer uma reflexão moral por parte do homem-comum? Como fica a folha moral dos que em favor da ética da tolerância (geralmente para lhes garantir uma existência mais simples e descansada), se sentam com defensores de homicídios justificados apenas pelo facto de quererem outra ordem política?
O que se diria do monárquico que matasse um presidente pelo simples facto de defender a chefatura hereditária do Estado?

Na vossa Televisão os gurus e doutos homens do burgo explicam que não podemos julgar o homicídio segundo os nossos critérios, mas segundo os critérios da época. Eu julgava que Portugal ainda era em 1908, jurídica e moralmente, um país decente e cristão, calculava que o homicídio era algo moralmente reprovável na época. A não ser que o douto Rosas esteja a desculpar os homicidas com uma ausência de escrúpulos que é fruto da sua doença moral. O douto Rosas veio, ainda, desculpar o homicídio com a ampla adesão popular da população de Lisboa, ao mais boçal estilo dos tribunais populares do PREC. Flores na campa de homicidas são sinal de absolvição, para esta gente com que os vossos representantes se sentam no Parlamento.

Depois vem um dirigente da maçonaria dizer que Aquilino nunca havia sido maçon. Uma mentira evidente, desmentida dez segundos depois pelo filho de Aquilino, perante o olhar complacente dos espectadores. Ficámos a saber depois, pela suas vozes, que a Carbonária não era um braço armado da maçonaria. Fazem bem em confiar...

Se acham que a democracia é votar a licitude do homicídio, que a liberdade é fazer a apologia do crime, que a tolerância é permitir que se faça o mal e se minta deliberadamente, escolheram bem. Este é, de facto, o vosso país. O país dos socialistas, dos que vendem os avós ao progresso, dos que acham que a moral é uma questão de perspectiva.
Se acham que um ser moral tem de ser mais que isto, o que esperam para lhes dizer não? É isto que vocês são?

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