quinta-feira, janeiro 31, 2008

Os Estranhos da Terra















O Republicanismo entristece-me. Quando um republicano fala da História de Portugal anterior a 1910, não pode falar do “nós”. Fala de gente e de um Estado. De uma gente que lhe é aparentada (como quem tem família estrangeira) e de uma construção política com que nada tem a ver. Quem tem ignorância suficiente para achar que só aquilo que provém da sua vontade o pode representar, não pode rever-se numa comunidade que não se ordena dessa forma. Os feitos dos portugueses (e só existe Portugal pela união de um povo numa ordem política) são para si uma coisa estranha. Para evitar esse vazio, tem de se pôr a inventar republicanismos primordiais e medievais, completamente distintos daquilo que defende, ou pôr-se a identificar quais os pontos da história compatíveis com o seu credo.
Uma das asserções primeiras do “abrilismo” é esta triste ideia de que “todos somos portugueses”, independentemente da capacidade de aceitar a autoridade da comunidade no passado e no presente, ou da aceitação como norma da acção de interesses que não são os da comunidade. E somos governados por esta gente estranha, desinteressada do bem de Portugal e preocupada com a liberalização, os mais pobres, a liberdade de escolha, o consumidor, a construção da Europa...
Em 1910 havia 7% de Republicanos em Portugal. E neste Portugaleco que começa em Castro Verde, quantos portugueses há realmente? Quantos têm essa memória de que aqui houve Portugal?
Encontramo-nos no Terreiro do Paço.

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