quarta-feira, dezembro 12, 2007

De Passagem
















Durante muito tempo tive por certo que os partidos estavam deslocados no tempo, que não representavam a verdadeira situação política e ideias políticas dos portugueses e da generalidade dos povos europeus. Vejo que estava errado. Serviu a vinda do Modernista à blogosfera para me alertar para o ledo engano. O liberalismo português não está representado politicamente porque não existe, não tem uma posição sobre os problemas, porque não aceita como imperativos alguns elementos de inclusão e exclusão no seu seio que lhe poderiam conferir alguma relevância.
O papel da teorização seria aqui fundamental, mas tal empresa não parece ser digna da generalidade dos nossos liberais. O requisito para se ser liberal em Portugal é repetir um conjunto de frases lacónicas sobre as liberdades individuais, independentemente do significado de que estas sejam animadas, gostar da democracia, ainda que esta esteja desenhada para ir contra a liberdade individual e proceder a um conjunto de vénias e salamaleques a alguns bloguistas da nossa praça. É por isso que é particularmente bizarra a consternação perante os insultos de que foi alvo o André Azevedo Alves, vinda de membros dos seus próprios projectos. Quando se juntam num mesmo projecto pessoas que acreditam em coisas que são opostas, é tempo de pensar no que constitui o núcleo de um projecto.

Continuo na minha em relação ao liberalismo português. Não tenho qualquer interesse pelo liberalismo ou por qualquer dos seus pressupostos. Mais grave que isso, quando os liberais, que temos por aí às dezenas, falam sobre o “Estado Mínimo” e depois fazem a apologia de uma ideologia que pode escolher, a seu bel-prazer, o tamanho e as obrigações do Estado, como se tal fosse uma questão de preferência ou escolha pessoal, prestam um belo serviço aos que afirmam ser seus adversários políticos. Talvez tenham demasiada vontade de estar com o mundo... O que noutros tempos poderia roçar a virtude.

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