terça-feira, junho 05, 2007

«Como querem vocês que o homem sorria, quando a Polónia sofre?»














Este “post” do MCB sobre o humanitarismo de Fernando Nobre é uma perfeita descrição do que se tem vindo a constituir como ideologia internacional e que é uma das mais nocivas concepções de humanidade de que há memória.
Toda esta ideologia assenta em premissas básicas que são verificavelmente erradas e nocivas.
Conseguir explicar como a expansão europeia era mal-intencionada é só mais uma aplicação reflexa da vulgata marxista. Se o era em muitos casos, noutros veio criar o fim de suplícios (esses de que os humanitários tanto desejam colocar termo), veio fortificar a sedimentação das autoridades tradicionais, veio trazer produtos mais resistentes para a produção agrícola das populações autóctones. O comércio tem destas coisas, ao contrário da imagem de exploração que é transmitida pelos ideólogos descendentes do “terceiromundismo” que por aí pululam, patrocinados pelas internacionais e multinacionais. Os ferozes europeus foram e conquistaram, evintando que lhe fizessem o mesmo. É este o eterno drama da existência humana. Não podemos senão ter orgulho da construção de uma entidade política que veio do (quase) nada e conseguiu estancar as habituais expedições mouras para aquisição de escravos-cristãos que assolavam as cidades deste lado da Península, onde mulheres e crianças eram raptados em actos de pura pirataria. Talvez os Africanos não fossem assim tão “bons selvagens”, como se viu na expansão... Os escravos, não consigo realçar demasiado este ponto, não eram tomados pelos portugueses, interdita que estava a tomada de escravos por cristãos (os que o fizessem seriam criminosos, também os houve), mas comprados aos “senhores da guerra” africanos.
O lado mais sinistro desta ideologia vem na parte das construções filosóficas que emprega. Acha que o progressismo do comércio destruiu as culturas, mas defende que se deve levar para esse mundo o progresso da medicina, dos transportes, do humanitarismo. Ainda por cima faz de conta que não quer, ao trocar a cultura local por uma de progressismo e de democracia, mudar-lhes as mentes.
A diferença entre o humanitarismo e o Cristianismo é que o primeiro não gosta de si próprio. Acha que todas as formas de pensar o Bem foram causadoras da destruição e da miséria que ele quer erradicar (como se a pobreza não fosse um conceito relacional, mas um nível absoluto), mas não consegue deixar de agir segundo o que acha ser um bem. Acha que a Cultura é algo de concluído e que é inavaliável, devendo, por isso, ser sempre respeitada, mas depois preenche-a com os seus ideais de paz, que vêm das suas cabeças e das suas fórmulas mentais. O humanitarismo é o neo-colonialismo do progresso, desprovido de Bem.

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