terça-feira, maio 01, 2007

Um Nacionalismo








A questão do Nacionalismo é bastante simples, ao contrário do que muitas vezes pretendem os defensores de certos ocultismos intelectuais que lhes mantêm a clientela. O Nacionalismo não é, nem pode ser uma ideologia. Tal implica sempre a redução da realidade a uma verdade que provém de um desejo, o que conduz à ideia de que a concepção própria, a nossa, deve governar a vida do mundo e das comunidades que lhe são exteriores. São os nacionalismos ideológicos.que acham que todo o mundo e todas as comunidades deveriam estar unidas nos mesmos laços que elas próprias. Esta redução da realidade a uma verdade induzida é um dos grandes inimigos do Nacionalismo, por criar a ideia de que tal nação só existe quando fundada em critérios e numa lógica pré-determinada e quase sempre superficial (língua, similitude física, história).

O Nacionalismo é tão somente a ideia de que os laços comunitários que englobam a sociedade se sobrepõem no domínio político e moral a outros quaisquer. Esta supremacia do elemento comunitário, que se consubstancia numa “ética de virtude”, oposta ao cosmopolitismo moral ou ao individualismo e atomismo ético-político, postula para o indivíduo um conjunto de obrigações e uma educação propícia à obtenção das disposições da alma no homem que permitem que a comunidade alcance os bens a que se propõe. Esta educação para a virtude é essencial na realização humana que deve ser a política.

Mas para que a Sociedade não se torne auto-referencial, e incorra nos erros da auto-divinização, é fundamental que exista um conjunto de princípios de justiça que não se encontram na sociedade. A verdade não é imposta pelos homens, é lhes imposta pela realidade. Todas as comunidades precisam de se apegar à Verdade e ao Bem e de, com os instrumentos que têm ao seu dispôr, indo revelando através da sua vivência comum as tradições que são compatíveis com essas realidades imprescindíveis. Nesse ponto se distinguem claramente uma qualquer comunidade política, provida de um Bem-Comum, e uma Nação, onde o Bem Comum é mais evidente pela existência de uma cultura e de tradição de vida comum, capaz de fazer compreender os princípios da Vida Boa pela solidariedade natural entre todas as gerações.

Resumindo, uma comunidade política define-se pela existência de um Bem Comum como suprema norma de acção no seio dessa comunidade. E por muito que as ideologias, que muitas vezes falam de Nação quando querem dizer Povo, Raça ou Tribo, defendam que a obediência é devida a mitos, a chefes, a consensos, independentemente do que eles representam, o Nacionalismo ou é a defesa do carácter humanístico e verdadeiramente libertador do Bem Comum ou não é nada.

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