segunda-feira, março 05, 2007

Salazar e o Mito do Século XX













No meio de tanta coisa criticável na obra de Salazar as críticas que se ouvem são somente de índole historicista.
Salazar não era um democrata... mas também não o era qualquer dos outros finalistas do concurso da RTP. No entanto é Salazar quem apanha.
Salazar defendia um Estado com repressão da sedição perigosa para o corpo político, assim como Afonso Henriques, D. João II, o Infante. Já o Marquês e Cunhal defendiam a punição de toda a sedição, perigosa ou não, real ou não. E Salazar apanha...
Em Portugal celebra-se todos os dias a gesta heróica dos portugueses, dilatando a Fé e o Império, dando novos mundos ao mundo. Por outro lado massacra-se a memória de um português por ter decidido continuar essa mesma acção dos portugueses no mundo.

É óbvio que Salazar é culpado. A sua culpa foi não ter visto a luz da História. É culpado de não se ter prostrado perante os poderes do mundo, por mais que estivesse contra eles. Como se um homem tivesse de se prostrar perante os que antevê serem vencedores. Bonita moralidade...
Salazar é culpado de não ter implantado uma democracia, porque a revelação do século XX obriga, ao contrário do que é a tradição de pensamento ocidental, a que um governante se subordine a votos e não ao Bem Comum. As razões para isso são escassas, mas impostas por uma estranha revelação. Quantos sabem os seus pressupostos racionais?

É esta gente que nos fala dos heróis Cunhal, Zeca Afonso e Otelo (enquanto que o 1º de Dezembro é silenciado nos telejornais), que nos diz que Salazar deveria ter “aberto” o sistema político. Como se a abertura de Portugal a Moscovo, na altura em que o PCP era a estrutura política mais organizada do país, fosse um acto de pouca monta. Como se o PS sem apoio americano (até aos anos 70) fosse um partido democrático e como se houvesse ala liberal anterior à morte de Salazar...
Alguém duvida que em caso de democratização ou morreria a democracia ou morreria a independência?

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