terça-feira, fevereiro 27, 2007

A Europa e o Nacionalismo

Segui os “posts” do Fsantos , li esta apreciação do BOS e decidi meter a “foice” por crer serem ambas as posições bastante ilustrativas do estado da direita portuguesa.
Parto das apreciações do BOS por me parecerem muito certeiras nos pontos de divergência entre as várias posições políticas que correspondem à direita extra-constitucional.

O que rejeito na atitude de partidos como a FN, o VB ou o PNR é a impossibilidade da tarefa a que se propuseram. Conciliar opostos não é tarefa da política, é tarefa impossível... Ou os contrários deixam de ser contrários, ou sai uma mensagem incoerente e ilógica. E sem uma mensagem que resolva o problema político os partidos nunca serão mais que projectos grupais de poder. Esta tara maquiavélica de que o Poder precede as razões para o seu exercício é um dos traços da direita indígena e dos seus modelos intelectuais estrangeiros.

Quanto ao Europeísmo do nacionalismo contemporâneo reafirmo não saber do que se trata. Ser europeu é defender a União Europeia? É defender o modelo social? É defender os Direitos Humanos, o multilateralismo internacional, a raça brança, o capitalismo, o socialismo, a democracia, a unidade na diversidade, a herança cristã, a herança protestante, a herança secular, a herança jacobina?
Sinceramente não tenho interesse nenhum em discutir a Europa, porque a Europa é um chavão preenchido com o que os poderes-que-estão precisam para se eternizar ou para adquirir Poder. E se formos sérios a única Europa viável é a desumanizadora do homem.
A Europa dos direitos adquiridos, dos produtos com selos de segurança, dos “consumidores”, dos “contribuintes”, das “convergências”, da PAC, o espírito anti-discriminatório obrigatório.

Este Europeísmo não é senão uma reencarnação do Sebastianismo. Foram curiosamente os que mais o vilipendiaram que recaíram nas suas patranhas... O sebastianismo postulou um salto-de-fé quinto-imperialista, onde o devir merece adesão por ser invariavelmente a nossa realização...
Nessa treta caíram bem os futurismos e os futuristas que vêem o futuro como justificativo da acção. Todo esse historicismo relativista é incapaz de distinguir o bem do mal, porque justifica a acção não com o que está, mas com o que vai estar. Não há nada para além dessa obsessão com o que irá acontecer.
A obsessão com a pequenez de mentalidades do rectângulo gerou apenas uma perspectiva crítica palavrosa (tipo 1968), mas demonstrou a incapacidade de transcender os estafados pressupostos da modernidade... Substituem-se os passarinhos e os floreados estéreis pela obsessão do amanhã que nos brindou com as maravilhas do século XX.
Não preciso de dizer que esse relativismo é a grande causa/consequência do declínio moral que vivemos (e não qualquer conjunção cósmica descortinada pelos esoterismos de que a direita se tem rodeado) e que qualquer adesão ou aliança a esse ideário é um passo no sentido errado.

Agremiações políticas que nada propõem e pretendem agregar tudo (mesmo opostos), conceitos a que se adere por ser a “onda do futuro”, sacrificar o que nos enquadra e nos permite distinguir a acção válida e inválida ao culto de uma ideia vazia que podemos preencher segundo os nossos desejos, que estão para lá do bem e do mal. Tudo isso é parte da doença e não da cura...

Etiquetas: