sábado, novembro 18, 2006

O Amanhã

Levanta o Miguel, como sempre muito bem, a problemática da derrota das “direitas”. Se não tenho dúvidas de que a culpa da derrota das direitas repousa nelas mesmas, creio que esta só se revela por estas terem perdido a sua forma de ser, mutando-se num elemento informe.

Houve uma direita perdeu o norte e colou-se ao centro, perdendo a capacidade de se afirmar pela sua fundamentação. O sofrimento que temos por ver muita gente de valor aliar-se aos ídolos do nosso tempo, na tentativa de os temperar, mas sem elementos que permitam uma verdadeira “restauração”, é disso o melhor exemplo. Quando leio o Prof. César das Neves, o André Azevedo Alves, ou alguns Atlânticos mais conservadores, percebo que há ali um anseio pela Boa Comunidade, mas que é absolutamente amputado pela aceitação de um paradigma atomista. Essa sociedade onde o Homem é Deus e onde para além disso não há mais nada é uma das razões do fim da direita.
O combate seguinte ao abortismo será fazer compreender aos “muitos” que não é apenas nessa matéria que temos elementos que não são referendáveis e que o conjunto desses elementos fazem uma Constituição.

Outra direita perdeu-se na loucura. Se a esquerda é escura esta tem de ser clara. Se a direita é igualitária ela tem de fazer a apologia de toda e qualquer desigualdade...
É prova de grande fragilidade quando alguém define a sua existência por oposição. Neste caso a perda do norte é uma aliança com todo o tipo de demências patológicas, onde se mistura gente bem intencionada de pouca visão e todo o tipo de lunáticos, sem que estes tenham de fazer prova da sua adesão. A “direita-sem-fundo” é constituída por liberais patriotas, socialistas, comunistas-nacionalistas e demais elementos que nada têm a ver com a “direita”. É a direita que se esqueceu que só serve para saber onde se encontra o justo.

Não sei se a minha Direita existe ainda em Portugal. Creio que residirá, entre outros sítios, nos bons sentimentos do FG Santos, na genialidade experiente do Azinhal, no frescor ortodoxo do Jsarto, na amor aos livros do Paulo e no refinamento do JM, na herança de um Portugal Universal e na Esperança de o reaver, nos jovens que se mantêm fiéis, nos primeiros passos que agora se dão. É pouco... Somos quase nada... Não me interessa, porque é suficiente para deixar uma mensagem aos futuros. E o Miguel, quer queira quer não, faz parte desse pouco, quanto mais não seja pelas inclinações.

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