segunda-feira, outubro 16, 2006

O "Totalitarismozinho"














Qualquer Estado tem a necessidade de compreender a Verdade. Seja em matéria criminal, seja por razões de governação, seja porque precisa de sustentar valores que considera essenciais ao seu funcionamento (Deus, a Propriedade, os Direitos Humanos, etc.), o Estado não existe sem tomar posição sobre a realidade e sobre a sua correcta interpretação.
Contudo, se o Estado deve promover a Verdade, só deve punir na medida em que a oposição à sua posição o impossibilita de desenvolver a sua actividade. E ao contrário do que se diz esta diferença não representa a diferença entre o Estado Totalitário e o Estado Autoritário... Esta é a diferença entre um Estado e um Estado Totalitário.
Muitos se apressam a dizer que o Estado nada tem a ver com a Verdade. A oposição que convém à política discricionária, que vê os seus erros desculpados pela crítica, claro está. Mas se não há verdade, como se pode multar alguém por excesso de velocidade, por não pagar os impostos...

Não estranho por isso que a França, a Alemanha, a Áustria, a Turquia sejam Estados Totalitários, onde a existência de uma Verdade oficial é incontestável e não permite contradita.
Não me admiraria se um dia em Portugal fosse proibido afirmar que no pós 25 do 4 havia mais presos políticos do que no Estado Novo, que a Revolução foi realizada para impôr um regime comunista e não uma democracia, que se fez uma descolonização assassina ou que os livros do Costa Pinto e do Rosas são uma bela merda.
Não estranho porque vivemos num totalitarismozinho... O Estado é totalitário, mas percebeu que os suaves meios democráticos são mais doces, que mais facilmente pode manipular um povo embrutecido e glutão se não recorrer ao homicídio, mas dominando as suas vontades pelos vícios da Cobardia (Hobbes), do Egoísmo (Smith e Marx) e da Vaidade (Nietzsche).
Só podiam mesmo branquear os crimes do Comunismo...

Os totalitarismos do século XX foram campos de martírio e dor.
No totalitarismozinho não se sofre... Sente-se apenas uma dor aguda e irritante e o grande silêncio de quem fala uma língua que ninguém mais compreende.

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