quinta-feira, outubro 12, 2006

Uma Apologia das Espanhas (II)






















O Nacionalismo Vazio

Quando releio as teses dos vários “nacionalismos espanhóis” fico sempre com a certeza de que observo um espectáculo de marionetas. Não há nelas uma linha de originalidade, uma força primeva que ultrapasse sequer tangencialmente qualquer discussão política espanhola. Os “nacionalismos” basco, catalão e galego, são fenómenos espanhóis e não endógenos das ditas comunidades. Não apresentam uma espiritualidade rica e plena de significados partilhados, ou a ideia de essa comunidade se aproxima mais de um qualquer desígnio superior. Pelo contrário… A invenção das nacionalidades subespanholas corresponde a uma profunda limitação do horizonte político, numa mescla de romantismo alemão, marxismo e “pintodacostismo”.

Primeiro é preciso relembrar este a grande maioria destes nacionalismos são “comunidades imaginadas” no sentido de que não são realidades históricas. Realidades históricas foram os dialectos bascos que muitas vezes eram desprovidos de vocabulários comuns e que foram amalgamados num “Esperanto Basco”, demonstração cabal de uma fraude cultural… Uma palavra deste, uma palavra daquele dialecto e fez-se uma língua desprovida de dinâmica interna, e dos significados partilhados contidos na sua dinâmica.
Esta invenção de nacionalidades foi perfeitamente observada pelo Bruno Oliveira Santos e não carece de maior análise.

Este problema releva um dos grandes problemas do Nacionalismo enquanto ideologia.
O Nacionalismo é vazio enquanto elemento explicativo de qualquer coisa do mundo (podendo ser, bem enquadrado numa doutrina sã, um elemento fundamental na estrutura do Homem). A problemática do Nacionalismo ideológico é precisamente essa. Na formulação novecentista alemã a unidade da nação é auto-explicativa e auto-suficiente e qualquer critério que seja tomado para essa unidade se torna um elemento fundamental.
Obviamente que uma língua e uma cultura (conjunto de práticas) são elementos fundamentais numa sociedade, mas não serão nunca mais importantes que o seu significado, que a justiça que a comunidade procura. Uma nação não é o “cimento”, a língua, ou um costume... Isso são os seus meios!

Não há nenhuma razão para que pessoas semelhantes, que falam a mesma língua, ou têm os mesmos costumes, se digam uma Nação. A Nação ou é um elemento mais profundo que esse ou não tem mais relevância política que uma família, um clã, ou uma tribo.

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