terça-feira, outubro 03, 2006

Desejo de Juventude

Uma das coisas que mais estranho na blogosfera da "direita clássica" é a quase ausência de rapaziada da minha idade. É certo que a minha geração é mais despolitizada, mais dócil em relação ao Poder, mais disposta a aceitar verdades televisivas, mas não é verdade que esteja repleta de esquerdistas ou direita "mainstream". Muitos dos que não se enquadram nessas categorias são gente desiludida. Uns tiveram o azar de militar em juventudes partidárias, outros na causa monárquica... Invariavelmente tomaram asco à política e renunciaram à formação em qualquer matéria política. Tirando alguns livros de Jaime Nogueira Pinto e algumas leituras "da estranja", não há muitos locais onde a direita clássica portuguesa mais jovem possa ganhar os enquadramentos tão necessários a uma solidez do espírito, único caminho para a constância da acção.
O 25 do 4 encarregou-se de remeter a escrita de "direita" (a propriamente dita) nacional para uma posição desconfortável, em que se diz muito pouco, indirectamente, sobre elementos acessórios, na esperança de que alguém apanhe a mensagem na totalidade.

A coisa é grave sobretudo para a minha geração. A turma que ainda não chegou aos trinta não tem maneira de adquirir as ferramentas necessárias para a compreensão da totalidade de uma mensagem "tradicional". Órfãos de movimentos e partidos que prolonguem a tradição de uma "direita portuguesa" refugiamo-nos na História para compreender a essência e os princípios.
Falta o outro lado. Falta a História recente... Faltam lições sobre a "direita enquanto alternativa". Habituados que estamos a olhar a direita como "recta" e a esquerda como "crítica", muitas vezes não conseguimos gerir a realidade de que a tradição é hoje a alternativa e que terá de combater com todas as outras propostas de sociedade por um consenso na sociedade.

Para suprir essa lacuna há uma publicação que me parece ser a mais urgente. Porque poderá criar uma discussão fundamental sobre os limites conceptuais da "direita", porque poderia ser um repositório de experiências políticas de inegável valor teórico (a maior pureza doutrinária encontra-se muitas vezes nas experiências de menor sucesso), porque só através da História se pode fugir aos erros do passado.
Uma "História das Direitas depois de 74" já leva alguns anos de atraso...

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