segunda-feira, outubro 02, 2006

Três Ideias para Portugal (I)










Monarquia

Quando o Miguel (sempre ele) levantou a questão sobre a alternativa à sociedade democrática e capitalista, estranhei. Sabendo-o monárquico empedernido sempre pensei que veria a esperança da restauração. Calculo que a Monarquia proposta pelo Miguel seja mera questão de chefia-de-Estado, deixando a sociedade e a representação democrática individualista como modelo social.
Esse não é, contudo, um modelo de sociedade Monárquica.
Exceptuando nos casos onde a Constituição se encontra blindada e essa inviolabilidade se encontra solidificada numa Instituição, suprema e pessoal, submetida a uma concepção que é a sua fonte de Poder, a Democracia acaba sempre por revelar a sua natureza despótica (a tirania dos muitos). A “democracia como forma existencial” torna-se sempre a mais infeliz, amoral e ditatorial forma de sociedade. Veja-se a questão do aborto. Aceitaria o argumento que dissesse “O Estado Português acha que o ser humano se forma a partir das 10 semanas”. É um argumento errado, mas explicável. O que é inaceitável é dizer que a amoralidade deve reinar, quando se afirma que cada pessoa deve decidir segundo a sua conveniência quando começa uma vida apresentando, ou não, razões para essa apreciação. O que diriam os liberais se os critérios que definem a propriedade passassem a uma “escolha do freguês”?
É por isso que sou monárquico.
Porque uma sociedade livre é necessariamente moral e porque essa moral está representada (uma representação “não-imperativa”, mas “existencial”) numa instituição perene.
A Monarquia é uma garantia contra o poder da turba... ou não existe.

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