A Verdadeira Discussão
A mais interessante discussão sobre o Nacionalismo na blogoesfera (possivelmente a mais interessante das que tenho lido), tem vindo a ser travada pelo Jansenista, pelo Engenheiro, o Manuel e pelo Paulo Cunha Porto.
Num conjunto de textos é facilmente identificável a insuficiência das nossas palavras, dos nossos conceitos, a influência de várias percepções lógico-positivistas na nossa compreensão do mundo.
Os que querem fazer que crer que os nacionalistas são todos o mesmo, para assim colocar Burke, Sardinha, Kirk ou Buchanan ao lado de Hitler, conseguiram bem fazer passar a ideia, escudados por uma concepção de que quem fala de Nação, uma vez que a palavra encerra um sentido verdadeiro e único em si.
Ideia frankfurtiana tonta, mas que serviu como rastilho para todo o tipo de massacres da verdade.
Este texto do Jansenista é notável, pois ilustra bem o tipo de Nacionalismo que é indesejável. Um nacionalismo fechado, enclausurado num Nós redentor, que é claramente autofágico e suicida.
Acusa, e muito bem, o Nacionalismo (diria eu, um certo nacionalismo) de confundir o superior e o mundano, de fazer dos “idola fori” o Absoluto e de dar prioridade aos seus a despeito da justiça.
O diagnóstico deste “nacionalismo” é facilmente descoberto numa posição secularista e intramundana. Em vez de conceitos de justiça universais (a tradição clássica da filosofia ocidental), temos uma pertença política que esgota a existência humana. A destruição de um conceito de Justiça na Alma, e a sua substituição por uma mera adequação às circunstâncias contingentes, pela crença do Paraíso Terreno com uma perfeição material (fim do desemprego, fim da ignorância, fim da escassez de recursos), cria a fé total na redenção do político. Sem uma concepção de Justiça na Alma e crendo na redenção pelo político, cria-se obviamente uma ideia de que, fazendo o que fizer, a comunidade de pertença está acima do bem e do mal... Logo os “nossos” estão acima da virtude, tendo direito a primazia acima de todos os outros objectivos.
Quando o Sócrates de Platão refuta a definição de Justiça de Polemarco, “fazer bem aos amigos e mal aos inimigos”, estabelece claramente a ideia de que a Ordem das coisas não termina às portas da cidade, que as virtudes são universais e que a grande virtude é conhecer a ordem das coisas.
Como Aristóteles defendeu a Comunidade Política é a mais perfeita das comunidades, sendo certo que não é ela o Universo. É a Comunidade Política que se ordena segundo a Ordem das Coisas e não é ela que ordena o mundo. É a ela que cabe reproduzir a Ordem das coisas, num processo a que se chama Justiça, mas não é ela que a cria ou inventa.
Se há nacionalismo universalista, onde a virtude é conduzida por uma Tradição Moral, auxiliada por instituições políticas e tradições, haverá esperança para o Nacionalismo.
Quem não se preocupa com estas posições não vê a real incompatibilidade entre um nacionalismo intramundano e um nacionalismo aberto ao mundo...
Ainda há quem queira fazer de coisas tão diversas uma mesma coisa.
É a Esfera e não a Suástica, porque é Portugal e não Briteiros!
Etiquetas: Nacionalismo
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