A Destruição do Tabú
Uma sociedade sem tabús não é uma sociedade. As democracias liberais europeias implantaram-se na ideia do “é proibido proibir”, pensando que ninguém lhes colocaria a legitimação. A sua legitimidade é o Terror e o Medo!
Quem analisar a filosofia política europeia do pós-guerra verá, facilmente, que não passa de uma tentativa de evitar uma catástrofe como a foi a II Grande Guerra. Lembro-me do artigo da História da Filosofia Política de Alan Renaut que afirma taxativamente que a democracia europeia nasce nas “câmaras de gás”. É dessa experiência que se cria a absolutização da “paz social”, a ausência de conflito acima de tudo, que se consubstancia na doutrina dos consensos, nas opiniões públicas e publicadas, nos relativismos éticos.
Se estas democracias promovem a discórdia no seu seio em questões inferiores, como bem observa o FG Santos, não permitem que ninguém questione a sua legitimidade. Pode discordar-se do salário, dos moldes em que se estrutura a família, das liberdades associativas... Não se pode, contudo, discordar de que tudo é uma questão de opinião, de que nada pode sobrevir às liberdades individuais, de que apenas a vontade contratual é vínculo da sociedade.
Tudo é variável desde que se mantenha a obediência ao regime...
Como o laureado Harvey Mansfield bem observa neste fantástico artigo, existe no pensamento político moderno a constante do Terror. Ao proclamar a morte da Virtude, a Modernidade forma sujeitos e não cidadãos, porque exploram as paixões mais vulgares... As paixões do escravo que nada vê para além do conforto. Daí a preferência pela “paz social”, a garantia de um conjunto de confortos individuais, a troco da subordinação das finalidades do Ser Humano. A moral por um prato de lentilhas...
A sociedade não pode ser livre de criticar os seus próprios fundamentos e é por isso que, em locais mais saudáveis, é proibido queimar a bandeira nacional... Noutros é proibido pôr em risco a fonte donde vem a cultura da “paz social” e do relativismo ético!
Não existe sociedade sem tabú.
Etiquetas: Modernidade, Pensamento Tradicional
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