Cristo-Marxismo?
O Professor Cardoso da Silva está, como tem estado, confuso…
Defende uma monarquia electiva, e agora defende um cristianismo marxista! Tornou-se um mestre do paradoxo. Pena que não explique como dar sentido a tais contradições…
O refúgio é uma pueril vitimização . Fala da minha soberba… Estivesse eu assoberbado e nem sequer me dignaria a escrever um texto sobre os seus erros! Limitar-me-ia ao escárnio a que generalizadamente o votaram. Tentei fazê-lo ver os seus erros… Talvez seja esse o meu erro! Erro de quem considera que o velho método dialéctico ainda serve para alguma coisa que não a exaltação de vaidades. Já vi que não é esse o caso, tal foi a forma como tomou a crítica como ofensa (relegando a Verdade ao papel de apêndice), quer pela forma como apenas repetiu os erros anteriormente proferidos.
Em primeiro plano ressalta à vista a concepção anti-cristã de Justiça.
A confusão do Prof. Cardoso da Silva é, por demais, evidente.
Defende que a propriedade não é um bem absoluto… E logo me coloca a perfilhar tal ideologia liberal! De onde tirou tal ideia? Não saberá que os conservadores como eu defendem a propriedade como um meio? Sendo um meio está subordinada ao Bem Comum… logo não é um valor absoluto, como é na visão liberal! Penso que também tenho o benefício de não ser liberal…
A razão parece ser uma visão curta do problema… Uns, socialistas, defendem que a propriedade está subordinada ao Povo, outros, liberais, defendem-na como ideal absoluto. Esta visão não nada mais contempla que esta dicotomia! Nada que uns óculos não resolvam… É que faz parte da doutrina de Burke, Donoso Cortés, Russell Kirk, Chesterton, ou mesmo Salazar e Sardinha, que a propriedade esteja subordinada ao Bem Comum! Penso que estes amigos serão insuspeitos de serem marxistas…
E se estes amigos são insuspeitos de serem marxistas (algo que hoje não se pode dizer de NCS), também tiveram o cuidado de observar as deficiências e incompatibilidades do marxismo na permissão da vida e virtudes cristãs.
Desde logo estes pensadores observaram os erros do marxismo (algo que não se pode também dizer de NCS).
O marxismo possui dois erros fundamentais (de entre muitos).
O materialismo marxista é uma clara objecção à vida cristã. O Prof. NCS demonstra bem o seu anti-cristianismo ao afirmar que a dignidade humana reside na posse!
“Todos temos direito à dignidade, a qual passa também pelo acesso a um mínimo de bens materiais. Tentar substituir um direito por uma esmola é indigno e perverso.”
É uma concepção errada e anti-cristã afirmar isto. A dignidade existe mesmo no Homem que nada tem… O homem que nada tem e, mesmo assim, não renega aquilo pelo que lutou e em que acredita é o homem digno! É esse o exemplo e é isso que dignifica a pobreza…
O argumento utilizado por NCS é exactamente o mesmo utilizado pelos defensores da prostituição…
Mas vê-se logo onde foi o ilustre Prof. beber essa concepção de que o Homem tem direitos materiais de propriedade antes de ter nascido. Foi buscar à concepção jacobina da Revolução Francesa, aos assassinos de cristãos da Vendeia…
Essa colagem aos jacobinos é óbvia! E torna-se mais evidente quando implica que a política deve ser a defesa dos desfavorecidos…
É obviamente falsa essa asserção. A política é a vantagem de todos! É outra das ideias marxistas que o parecem ter contagiado…
O marxismo é amoral! É amoral porque tem na sua génese uma ideia anti-cristã…
O objectivo marxista é dar a cada um os meios para que este faça o que quiser da sua vida. É a erradicação do pecado (como dizia Chesterton), mas através da destruição dos critérios de avaliação do certo e do errado (como disse Dostoyevski, não é o Homem alcançar o céu, mas arrancar o céu para a Terra). No marxismo o certo e errado é ditado pelo critério histórico-materialista… Será que o Homem, e o cristão em particular, pode aferir a justiça das suas acções ao compará-la com esse critério que implica que o Homem se move apenas por motivos económicos?
O Prof. NCS parece concordar com isso ao aliar-se com os defensores desta ideia…
“O Corcunda acha que os pobres devem ter paciência e deixar-se de reivindicações de inspiração marxista...”
Sim, acho! Porque, como vimos, estas reivindicações de cariz material e universal atacam o Cristianismo e o equilíbrio social (os marxistas defendem os direitos apenas dos pobres e a história demonstra bem o que acontece aos outros que não o são).
Isto não implica que os pobres não peçam ajuda e não a obtenham. Sou um fervoroso defensor de uma faceta social do Estado, mas uma que não considera, como NCS e Garcia Pereira, que a marginalidade é uma mera questão de escolha individual e que tem direito a ser patrocinada pelo Estado (o PCTP-MRPP apoia um aumento dos rendimentos mínimos). Apoio que Estado deve defender (actuando ou garantindo) os órfãos, os que não têm ninguém, os abandonados… Não defendo a ideia marxista de "exclusão social" que implica que o Estado force a sociedade a inserir!
Mas tudo o que eu penso é irrelevante…
NCS já se decidiu a considerar-me um neo-liberal! Um divinizador da propriedade, um hayekiano detractor da justiça social!
Fá-lo-á porque não leu ou porque não sabe?
Tendo em conta o que disse, gostaria de saber como pode o Professor Cardoso da Silva achar que o Cristianismo se adequa a este materialismo? E como pode ele colar a opção pelos mais pobres da Igreja ao jacobinismo socialista?
Haverá maior soberba que pensar que se pode conciliar o que é irreconciliável?
Digna de deuses tal tarefa…
Etiquetas: Monarquia, Pensamento Tradicional
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