domingo, fevereiro 27, 2005

A Verdade

Questionar algo que não presenciámos é algo de corriqueiro, algo que a nossa vida não permite que não façamos. Dizer que não existe verdade é aproximarmo-nos um passo mais do “Nada”.
Ao dizer que existem várias verdades estamos a negar a actividade de qualquer acção mental que ultrapasse o aqui e agora… É absolutamente insustentável!

Um juiz que julga um homicídio tem de buscar a verdade. É por demais evidente…
Quando ouve as testemunhas não está a avaliar várias verdades, mas a tentar destrinçar a verdade da mentira. Estabelece por esse facto um processo dialéctico que terá de ser coerente.
Acima de tudo um juiz não pode considerar que está a julgar várias verdades…
Se assim fosse, encontrar-se-ia livre para escolher a que melhor lhe aprouvesse!
Não é contudo isso que terá de fazer!
Terá de aferir a verdade factual, através dos dados de que dispõe. Tem de presumir que num homicídio alguém terá de ter realizado a acção, mesmo que ninguém, para além das partes, a tenha presenciado. Por isso dispõe de um processo de avaliação da verdade (métodos científicos e lógicos), que o permita avaliar aquela PARTE da Verdade.

Uma árvore que caia numa floresta isolada sem que ninguém a observe pode ter caído de diversas maneiras. Ainda que não a presenciemos a Verdade está lá… Caiu pelo vento, por acção de extraterrestres, por obra de castores… Não se pode dizer é que não teve uma causa! Essa é a Verdade!

A ideia de que existem várias verdades é assim uma incompreensão filosófica…
Pode haver várias compreensões da Verdade, umas mais completas outras mais incompletas. O que é certo é que a compreensão completa nos está vedada pelas limitações do nosso próprio ser! O Homem não é tudo. Pode apenas ser pouco, mas fazer desse pouco um pouquinho mais.

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