terça-feira, outubro 07, 2008

Perder à Partida










Como já aqui disse, tenho bastante respeito pela obra do Prof. Maltez e pela simpatia com que trata sempre de discutir os assuntos com frontalidade. Já não posso dizer o mesmo do seu posicionamento político que nada tem a ver com os princípios que por aqui tenho vindo a defender. Não percebo o choque da Cristina Ribeiro quanto ao facto do Prof. Maltez ter afirmado que o “patriotismo” era uma característica do primeiro-republicanismo. É a mais pura verdade. Um patriotismo que era um substituto laico e civil para a religião e que funcionaria como elemento essencial de adesão numa sociedade que se afastou da sua relação com a religião e o transcendente.
Em vez de se chocarem com essa afirmação, gostaria de pedir aos monárquicos que me dessem uma alternativa monárquica a esse patriotismo. É que apesar de tantas críticas, associações e blogues monárquicos, não parece existir no seio dos monárquicos um conceito que o possa substitutir. Ou seja, critica-se o Prof. Maltez e o republicanismo, mas não são apresentadas quaisquer alternativas a esse estado-de-coisas.
E quando o Prof. Maltez vem falar sobre a forma como o espírito republicano perdurou e uniu a oposição monárquica e republicana num “espírito de liberdade”, é preciso perguntar o que correu mal e de que forma os monárquicos prescindiram da sua forma de governo para servir o inimigo.
Há por certo muita coisa a criticar na intervenção do Senhor Professor. O facto de nenhum dos intervenientes ver na tentativa de nacionalização ou na separação da Igreja do Estado um problema é um caso particularmente interessante e paradigmático. E o facto de não ver a razão por que “a monarquia morreu agarrada à sacristia” demonstra a razão por que a república coroada não deixa de ser república no seu sentido mais ideológico e intramundano, ou seja, totalitário.
O problema é que a morte cerebral dos monárquicos os impede de ver que andam há muito a defender o que por já cá anda.

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