Monárquicos Porque Democratas
Não se consegue perceber como é que republicanos e monárquicos conseguem passar uma hora a discutir qual é o regime mais adequado à democracia. No fundo não há ali monárquicos ou republicanos, mas um grande abraço democrático. O regime da vontade popular é o único elemento estruturante e irreversível dos monárquicos e republicanos. O argumento da força do apoio popular é o único argumento brandido. Uns querem um magistrado temporário, outros um delegado da vontade geral referendada e coroada. Juntinhos num bonito abraço abrilino.
Não tenho opinião sobre o assunto. Sou monárquico. Dos que acha que numa pessoa repousa todo um conjunto de valores de que uma comunidade não pode prescindir. Todos os argumentos dos que vêem a Monarquia sem essa função recaem em graves contradições. Paulo Teixeira Pinto acha que a monarquia não é um ideário. A coisa fica no ouvido (em especial de gente pouco articulada como esta), mas é uma mentirinha infeliz. É impossível que alguém afirme que todo o mundo se deve subordinar à vontade humana e depois se afirme que existem uma magistratura que dela não depende. E mesmo que exista um contrato para uma magistratura vitalícia, porque é que a vontade popular (o princípio sacrossanto) não a pode revogar (bota que terá de ser descalçada pelo Prof. Maltez)?
Ou seja, não só a monarquia é um ideário que não está acima das ideias políticas, como é evidente para qualquer pessoa de bom-senso (que não esteja disposta a contornar a forma do mundo para conseguir obter os seus desejos) que a monarquia (um elemento vitalício e desprovido de ligação com uma delegação de poderes) é incompatível com os princípios democráticos.
É por isso que Paulo Teixeira Pinto concede que a Primeira República era mais patriótica. Para ele o patriotismo racial e sectário do PRP é a mesma coisa que o patriotismo monárquico.
Só há uma boa razão para estar ao lado dos nossos monárquicos. São os nossos republicanos... O Costa Pinto, que acha que “do ponto de vista da teoria política a república é a melhor forma de assegurar o poder democrático” deve ter sido nomeado curador da disciplina. O António Reis (o tal que achava que Aquilino não era maçon) que desconhece que o Canadá enquanto país monárquico. O Medeiros Ferreira (o tal que dizia que o Estado Novo não tinha uma política externa) que vilipendia o nome "Reino de Portugal".
Enquanto a monarquia for o lado dos românticos, dos afectozinhos, do inexplicado, dos maluquinhos quinto-imperalistas, das eleições de reis em lista única, dos baronetes, dos índices de desenvolvimento humano, dos que aceitam os critérios da esquerda na avaliação dos regimes, bem podem barafustar e andar em folclores que é o “barnabita” quem tem razão.
Podem dizer o que quiserem, mas eu não ouvi um argumento razoável para defender a Monarquia.
Etiquetas: Monarquia
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