O Pato em Nietzsche
(À falta das 12 Palavras, para aplacar o Dragão)
Um dos problemas que sempre tive com Nietzsche foi a incapacidade de o ler sem perceber quem está a enganar quem. Sabemos que ali há um “pato”, mas nunca sabemos se é o autor, o receptor, ou o intérprete. Um dos problemas mais claros da obra de Nietzsche é a problemática da Natureza. Se a “vontade de poder” é a verdadeira natureza do “ser”, mas toda a compreensão do “ser” é subjectiva, porque é que esta se apresenta como trans-subjectiva? Porque é que é a Verdade que não podemos ter acesso à Verdade?
Se o “pato” for Nietzsche, percebemos que se trata de um amor excessivo de mundo o que o move. A supremacia do “mundo” absorve-o até ao ponto em que este assume o lugar de Deus. Aceitando um semi-deus como Deus, Nietzsche aceita ser escravo do seu semelhante.
Se o “pato” for o receptor, não podemos senão compreender que Nietzsche foi o pai de tudo o que é nobre e o primeiro a compreender que nada mais que a nobreza é possível. Todos os seus seguidores lhe serão inferiores, aceitando a autoridade da sua “Vontade de Poder” ou aceitando-a como visão extra-subjectiva.
Se o “pato” é o intérprete, anda-se a cansar a pensar em problemas que não vão para além dos desejos de auto-divinização de um mortal que se encontra imerso numa luta contra o esquecimento.
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