terça-feira, novembro 27, 2007

A Bélgica, os Liberais e os Católicos














(Em relação à posição favorável do André)

Como todos os nacionalismos modernos, o nacionalismo linguístico-cultural substitui o elemento existencial, o bem comunitário que é a sua verdadeira constituição, por formas em que este se expressa (línguas, expressões culturais e artísticas...). Daí não provêm quaisquer elementos que sejam decisivos e originais na instauração de uma ordenação comunitária. Não só o nacionalismo flamengo é vazio em termos de uma concepção constitucional de existência comum, distinta da que existe no seio do Reino da Bélgica, como não existe qualquer elemento de opressão de que tenham de se libertar. Caso se aceite o princípio, terá de se aceitar o critério desses nobres libertadores do Praino Mirandês. Vamos nisso?!

Se uma parcela da população pode dispôr de si, sem justificação reinvidicação ou apelo a um elemento superior, porque é que não pode também violar a propriedade dos outros!É uma resposta que me parece que os liberais não podem deixar sem resposta! Se a autodeterminação é um valor absoluto, qual é o valor dos enquadramentos constitucionais? E sem eles o que é feito do liberalismo (quer de Locke, quer de Hayek)?

Quanto ao meu suposto apoio aos francófonos católicos, só pode vir de alguém que não tenha lido nada do que alguma vez escrevi. A monarquia belga e os seus crimes e faltas de comparência, a ideia de um país em torno mexilhão e cerveja, não me merece qualquer simpatia. Pelo contrário. A Bélgica está a pagar pela descaracterização e pela neutralização do carácter moral da sua vida colectiva. Mas o facto de ser bem feito, não invalida o carácter "kosovar" do nacionalismo flamengo.

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