quarta-feira, janeiro 03, 2007

O Regresso a Portugal

Em Portugal e nas outras culturas decadentes a Palavra é sempre superior à Ideia. Esse é um legado da ideologia e esta é o resultado do nihilismo em que vivemos. As ideias servem para justificar os desejos mais sórdidos, não sendo elas a comandar os objectivos, mas o contrário. A verdade (de cada um, claro está!) é apenas mais uma arma no assalto ao Poder.
O esquema é simples! Escolhe-se um grupo, com um rótulo e seus sinais tribais e depois acredita-se no que se quiser. A propalada tolerância não passa de um vazio interno, uma ausência de crenças, acompanhada de um instinto gregário sem limites. É a receita para a mais abjecta servidão. Os que não conhecem a história política, ou que a conhecem na sua existência superficial (sequência de epifenómenos), acabarão sempre por sacrificar a essência ao acessório.
É por isso que não é nada surpreendente ver na política de hoje os erros, cisões e perseguições do passado.
O ataque ao "sistema" esconde a perfeita identificação com ele. Criticam-se os partidos de massas e a sua desideologização, apresentando-se como solução um partido que não tem doutrina. Apresenta-se um nome, mas um nome onde cabe desde o comunismo baueriano, ao relativismo mais extremo, ao patriotismo saudável. Lado a lado gente que nada tem em comum para além de Palavras.
Na palavra Nação havia um sentido, sentido pelo país. Hoje há portugueses que estão ao lado de nacionalistas de outra coisa qualquer. Há os europeus, os galegos, os brancos, os que julgam viver no século VIII, os que acham deuses-fundadores de novos mitos.
Em comum há o vazio e nenhuma esperança para Portugal.
Não será a crise da blogosfera o simples resultado dessa ausência de ideias, onde nada se diz, nada se propõe, nada se cria?

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