Três Camadas
Com atenção se verifica que o antepenúltimo post não encontra uma grelha conceptual, mas três.
A direita dicotómica, a direita ordeira e a direita recta. A ilusão encontra-se aí mesmo...
A primeira é absolutamente epidérmica porque corresponde a uma identificação social, à pertença a forças sociais, que de forma alguma implica um pensamento filosófico de direita (geralmente não implica pensamento nenhum, mas isso são outros quinhentos). Os neo-conservadores, os conservadores-pluralistas (o John Kekes, p. ex), os liberais-pluralistas (o Berlin, p.ex) possuem tipos de pensamento absolutamente distintos. Embora todos pertençam à direita sociológica têm formas de pensar que são distintas... Não podem ser arrumados num mesmo lugar, excepto superficialmente.
Se os neo-cons são vincadamente de esquerda (metafísicamente), já Kekes é marcadamente um gnóstico da tradição britânica, vendo uma unidade e uma essência que os vários autores que trata não viam (alterando a realidade para se adequar à sua teoria), e Berlin, com as referências da filosofia romântica alemã, embarca num pluralismo que encontra uma ordenação e um paradigma social. Ao invés do hobbesianismo de Oakeshott que é uma estrutura de ordem, e portanto de direita, os neo-conservadores não apresentam uma justificação para qualquer ordem que não seja o funcionamento "limpo" da máquina social (como defendia o marxismo).
Nestes dois sentidos da Direita cabem alguns pluralismos, algumas direitas democráticas... certamente não todas!
E depois há o outro sentido da direita. O seu sentido mais profundo de procura do correcto, do bem, da virtude, da justa ordenação da cidade e da alma... Aí certamente que nenhuma destas propostas de direita, sociológica e ordeira, pertence. É esse o sentido que é interessante recuperar.
Etiquetas: Direita
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