quarta-feira, março 29, 2006

A Pessoa de Ninguém

Em Portugal há uma pessoa a culpar. Quando a culpa é de ninguém, quando os incertos levam a melhor, quando há problemas processuais, quem come é sempre o Estado!
Noutros países e tempos, mais avisados, procuram-se culpados. Em Portugal há um culpado by default.
Conheço um tipo que se orgulha de ter pedido (e obtido) uma indeminização ao Estado por ter furado um pneu num buraco da estrada. Dizia ele que “o Estado tem obrigação de ter as estradas em boas condições!”. O argumento é tão estúpido quanto desresponsabilizador.
Primeiro porque um erro se teria de imputar a quem cometeu o dano e não se proceder à retirada de dinheiro do “bolo”. Segundo, porque a escassez de recursos, o que faz com que muitas vezes tenhamos de escolher entre duas acções (tapar buracos da estrada ou construir habitação social), é culpa de quem sustenta o Estado. Se querem melhor Estado é preciso que produzam riqueza e que não fujam ao fisco... O Estado não pode ser obrigado a ter um fiscal em todos os quilómetros de estrada, pronto a deitar alcatrão em qualquer buraco... Esse é o desejo de qualquer socialista e a solução para o desemprego numa sociedade doente, mas é um erro económico e moral gravoso!
O disparate do direito absoluto a uma estrada perfeita e lisa é uma anedótica reprodução da nossa cultura e da nossa constituição.
Nenhum país é governável quando o povo não é leal com o Estado.

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