segunda-feira, janeiro 23, 2006

No Dia de Ontem

A minha assembleia de voto é local mal frequentado... Deixei assim passar a manhã para poder exercer o “dever cívico” sem ser incomodado por jornalistas e cáfila similar.
Quando saí uma simpática moçoila perguntou-me “podia assinalar neste boletim qual foi a sua escolha?”. Anuí imediatamente, escrevendo um tranversal VIVA O REI e larguei ainda “Se quiser, por questões de exactidão, também posso desenhar os bonecos nas fotografias”. A rapariga, no meio de algumas gargalhadas, declinou a oferta. Calculo-me um bicho-raro.

Esta Republiqueta em que vivemos tem o hábito de repetir que as eleições do Estado Novo eram meras fachadas em que os mortos e os “fachos” votavam duas vezes. Ainda há dias, numa discussão sobre a Constituição de 1933, um amigo me dizia que estas estavam feridas de imoralidade por terem as abstenções contado como favoráveis.
Interessante que eu ontem tenha ido à urna e que o meu voto tenha sido desclassificado... Superdemocrático!

O Sócrates cavou a sua própria sepultura, ao mostrar que o poder que tem no partido se devia ao “estado de necessidade” de obter a maioria... Só assim se compreende que tenha dado relevância intra-partidária a uma votação (a de Alegre) que nada mais é senão um voto de protesto contra o Governo. Alguém tem dúvidas que o povo gosta sempre daquelas bestas?!
O discurso balofo esteve a cargo da Roseta que afirmou que Sócrates “usurpou o espaço de cidadania de Alegre”. Não conseguem dizer uma frase sem falar na Cidadania e outras modas de ocasião... Sócrates não usurpou nada! Mostrou apenas que é mau perdedor e que gere mal a política dentro do partido. Alegre terá muito mais poder, assim.

Os primeiros momentos de Cavaco não auguram nada de bom...
Em vez da alegria da vitória, dir-se-ia estarmos num féretro. Ao contrário da exultação da família, o candidato e a candidata-a-primeira-dama estavam tristes... A incapacidade de improvisar e de fazer um discurso para empolgar as massas (de restaurar a tal confiança) foi notória. Maria fitou muitas vezes o chão, mostrando assim alguma tristeza e a cabeleira tingida em homenagem à deputada Odete Santos. Por ali não haveria surpresas.

E hoje o país acordou na mesma...

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