terça-feira, maio 03, 2005

O Nacionalismo Folclórico

Já disse aqui amiudadas vezes que não me revejo no nacionalismo que por aí polula, sobretudo porque o nacionalismo que encontro hoje em dia é um nacionalismo europeu, um nacionalismo estéril. Não faço, felizmente, parte deste grupo, máximo expoente da forma como Portugal se encontra morto e enterrado, como viu o Prof. A. J. de Brito.

Felizmente que a história das instituições é uma história de mortes e ressurreições…

Este dito nacionalismo, que é o nacionalismo dos que quiseram destruir as várias nações da Europa enferma de um erro primordial: É absolutamente desprovido de qualquer interesse!

Mais uma vez encontramos neste nacionalismo o problema de que enferma a modernidade. Na ausência de capacidade espiritual, de compreender as realidades do espírito, faz se a defesa do corpo como primordial na aferição das diferenças dos homens. Também por isso se observa sem estranheza que grande parte dos liberais (como o Buiça, nos últimos tempos), tenham sucumbido à primariedade deste nacionalismo de jardim zoológico, revelando a proximidade gritante entre o liberalismo e o nacionalismo-racialista, que é bem patenteadora dos erros de ambos.

A unidade em torno do símbolo, em detrimento da Ideia, é a mais lamentável confusão que qualquer ideologia pode fazer, por ser uma ideologia que se demite de ser ideia, que se auto-exime pela descrença no poder da própria Palavra.

Por isso defende uma unidade que é estéril. Uma unidade que afirma que a sua unidade provém do instrumental. Uma língua é instrumental… mesmo uma língua que contém um acervo histórico e cultural, um conjunto de símbolos únicos que transmitem ideias que só podem ser compreendidas no seio dessa unidade espiritual (como a língua portuguesa). Essa língua é o reflexo de uma vivência e partilha espiritual, propagada na história, que constitui vocábulos próprios e sentidos próprios em virtude da vivência comum e particular. A história e a verdade a constituem, de modo a que se formem em alguma coisa de único, não só na ferramenta (vocábulos, expressão plástica, música e dança), mas na Ideia.

A unidade de um povo pela existência de uma língua comum é uma superficialidade errónea, uma vez que qualquer pessoa pode constituir uma código simbólico com os amigos, só por diversão. Dizer alguma coisa original dessa comunidade, ter uma filosofia e objectivos de vida comuns e próprios é que já é mais difícil… Não bastam ferramentas!

Esses apologistas do nacionalismo galego (que se estende a Portugal, os galegos do Sul) ignoram 1143! Ignoram a formação de uma entidade autónoma, com uma concepção original de justiça, com um conjunto de obrigações históricas e morais que desse ponto decorreram. A miopia tolda-lhes a visão de que a cultura que obriga moralmente o povo português é a Portuguesa e não a galaica (onde está essa filosofia?) ou a estupidez da cultura ocidental (a dos Direitos Humanos? a utilitarista? A hedonista?).

É um nacionalismo que renega o espírito comum das vivências de tantos séculos!

Um nacionalismo para gente simples e de vistas curtas…

É o nacionalismo peculiar dos que acham que o único erro de Vasco Gonçalves foi não ter mandado os pretos para África… De resto esteve tudo bem!

Libertou-se a comunidade das suas obrigações e direitos territoriais, lutou-se contra o Cristianismo, socializou-se Portugal, até se voltou à iconografia do Fundador para legitimar “nacionalisticamente” a acção socialista do PREC.

Para os galegos, que não portugueses (evidentemente), fez-se tudo bem, à excepção da omissão de um branqueamento cutâneo da população…

A grande vitória de Bruxelas é criar nacionalismos vazios!

O ódio da Europa ao homem contextualizado, enraízado, aculturado, moral, é proporcional ao medo que esta tem dele.

O combate é entre o homem europeu, o homem da livre escolha sexual e cultural, o homem sem obrigações morais com a comunidade, o “consumidor”, a grande arma da Europa, e um homem nacional, que se aceita como subordinado de uma moralidade que o transcende e que até agora só conseguiu aperfeiçoar no contexto tradicional de nação!

O problema estratégico é simples. A Europa divide para conquistar, justificando a sobreposição às obrigações tradicionais das populações com uma necessidade de aproximação às populações dos “auxílios comunitários”.

Esse “nacionalismo” economicista ganha força nos movimentos que consideram que as necessidades económicas devem determinar as estruturas políticas, um marxismo revisitado por tecnocratas escondidos sob uma capa de “conservadorismo social”.

Ganha a Europa com essas invejas regionalistas, criando a ideia de que as nações nada mais são que “empresas” solúveis por questões materiais…

Bastar-lhe-á acenar depois com uns “cobres” para que todo o “poder real” lhe seja ofertado…

O mesmo princípio que divide a Espanha agora, esventrará Portugal no futuro, com regiões económicas artificiais e invejas Norte/Sul…

É o princípio que temos de combater, bem como os sequazes desses nacionalismos vazios!

Estranhas “nações” que surgem com a modernidade e se alicerçam em economicismos e marxismos-leninismos, que não encontram fundamento que não seja um ressentimento ou numa proximidade fisiológica entre indivíduos.

Servem bem os interesses do costume…

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