Dúvidas
Li muitos encómios a esta distinção entre o PND e o PNR. O que mais me preocupou foi a posição do Prof. Humberto Nuno de Oliveira de apoio e aceitação destas posições… Será mesmo verdade que:
1. O PNR está contra a especulação bolsista e imobiliária, bem como a favor de uma economia produtivista.
Não quero acreditar nessa afirmação. Uma ideia de produção industrial está radicalmente afastada das possibilidades de Portugal, um país da Europa sem especialização ou extensa demografia. A única esperança para Portugal são os serviços, actividade em que a produção é especulação…
Não acredito que ainda exista a mentalidade do Aço dos anos 30, que tão bons resultados trouxe… à URSS! Vem 70 anos atrasada esta concepção, mas não acredito que seja verdade…
2. O PNR também parece ser, segundo este texto, um partido preocupado com a “imigração extra-europeia”.
Fosse isto verdade e implicaria uma selecção racial da imigração. O problema da imigração seria, não o perigo à cultura nacional, mas a existência de gente de outras raças… Para quê insistir então na soberania nacional!? Se somos da mesma nação europeia…
Será que a existência de imigração romena ou búlgara não é tão perigosa como de chineses, ou angolanos?
Fica isso por esclarecer… como já ficou antes! Deve haver confusão…
3. O PNR é um partido europeísta que defende a saída da NATO e a formação de uma nova Iniciativa de Defesa Europeia.
Esta concepção levanta duas vertentes essenciais. A incongruência e a loucura.
Porque é que Portugal tem obrigações especiais com a Europa? Não deverá Portugal zelar pelos seus interesses? Porque iria então Portugal sujeitar-se aos custos incomportáveis de uma iniciativa de defesa incapaz de defender as suas próprias fronteiras (caso não saibam, toda a tecnologia informática e manutenção dos exércitos europeus é mantida pelos EUA)? Os custos de uma defesa mínima (equivalente a um país como Israel, p.ex.) iriam, obviamente destruir o crescimento económico dos últimos cinquenta anos… Isto para não falar nos custos de ID que seriam necessários e, como toda a ID, incertos, para levar essa Europa a um nível de 1/3 da capacidade tecnológico-militar dos EUA.
Afirmar isto é fazer o mesmo que o Bloco afirma quando pugna pela aliança com Kaddafhi.
É uma irresponsável loucura.
Esta, infelizmente, li no programa do PNR. Não queria acreditar…
Nem se percebe essa obsessão com o pilar europeu! O que iria Portugal lucrar com isso?
4. Por fim gostaria de perceber que “peça única” é essa que é o ideário do PNR, que toma a nação por algo quase religioso.
Falta explicar o mais importante. Quais são as coisas que é preciso proteger?
A Língua? O património do humanismo cristão português? Uma cultura que é mãe de culturas? O fado, o folclore, os Delfins, os Madredeus, o Punk Português? A espiritualidade que é fonte da Justiça e da Virtude Portuguesa através dos séculos? A pálida cútis da população?
Não pode explicar-se a “quasi-religião” da nação sem explicar a fonte desse pensamento, o que visa preservar. A não ser que seja uma defesa da “nação pela nação”, o que seria o regresso ao irracionalismo e aos apriorismos que já conhecemos bem. Também pode ser que não exista resposta para esta questão, mas não seria lógico falar de uma “peça única” sem um conjunto de princípios unificadores dessa “proto-religião”.
São respostas que me parece não poderem estar ausentes do debate político. Pelo menos as mais essenciais…
Etiquetas: Direita, Nacionalismo
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