segunda-feira, novembro 01, 2004

Caro Caturo (II)
ou
"It´s all in your head"

1. O Caturo pergunta-me que obediência proponho para a Nação e para o Homem. Eu digo-lhe que o cumprir da sua essência, que é cumprir a sua Natureza!
“Para tudo há um tempo debaixo do sol”…

2. No que respeita à sua perspectiva do nacionalismo, devo dizer-lhe que, como espera, está errado. A sua concepção de Nação baseia-se em princípios que se pretendem auto-evidentes, mas que não o são!
A reflexão sombartiana sobre a Nação desmonta-se em duas “penadas”.
Se a Nação é uma realidade auto-evidente, algo que provém de uma não construção do espírito, mas de uma “realidade” (como a autoevidência da cor de pele), porque é que algumas pessoas não ligam a essa “realidade factual”?
Imagine um conjunto de pessoas de diferentes raças que vivem em perfeito isolamento num qualquer local e que não tem conhecimento de que existem outras pessoas no mundo… Olharão elas para o outro como um estranho de outra raça? Não podem, certamente, porque não adquiriram esse conceito! Para eles a feição do outro não tem importância social, ou maior importância que a natural diferença entre as pessoas…
Será que se agruparão em unidades de semelhança física?
Isso então ainda será mais descabido… Agrupam-se por interesses, por idades, por sentimentos, por acaso.
A Nação não é uma realidade auto-evidente! Todas elas incluem um conjunto de pertenças a que é preciso aderir para fazer parte…
Curiosamente, para fazer parte de Portugal não é preciso ser cristão… Apenas estar disposto a servir a sua comunidade e a sujeitar-se ao seu bem-comum!
Já para ser cristão…

3. Acusa-me também de falta de consciência de estirpe… Já me acusaram de falta de consciência de classe e não fiquei chocado. Era a ignorância que os não-marxistas possuíam… Agora é esta que temos de carregar! Posso bem com esta cruz!

4. Em relação à traição dos princípios cristãos da Pátria, ao albergar muçulmanos no meu país, devo relembrá-lo que desses princípios genéticos da Pátria não constava também o Socialismo, ou o Igualitarismo, ou o Feminismo, ou a Democracia…
Expulsar, ou não deixar esta gente ser parte da sociedade portuguesa, implicaria que a Nação se pudesse toda juntar numa jantarada às sextas-feiras! O que seria deveras complicado...

5. Quanto aos episódios da História que retrata, são absolutamente irrelevantes.
A história do Aquilino deixa-me indiferente, a do Poço, que tanto servia para negros (escravos) como para vagabundos e gente sem família, idem.
Quanto à questão do bom povo, preocupado com a miscegenação, era uma preocupação com os hábitos dissolutos de muitos, que violavam as escravas de outros, caindo os encargos sobre os proprietários.
É uma crítica aos costumes e não um momento de “despertar” da “consciência de estirpe”.

6. Mas eis que, num assomo psicologista, a questão da raça passou (pós-modernamente) a ser uma questão de "questão de consciência"! Quando diz que todos os que se consideram brancos o são, está a afirmar que a) é o espírito que deve predominar em qualquer construção socio-humana, que b) que se tivermos uma máquina de “empalidecer” a cútis, e as pessoas se considerarem brancas, podem nisso tornar-se.
Sendo assim, só me resta agradecer ao Caturo a sua abertura de espírito!
É isso que temos vindo aqui a “pregar”.
O reduto do Homem é a cultura em que se insere. Um determinado tipo genético não implica um determinado "ethos".

Sendo assim, não precisamos de olhar para o “genoma branco” e comparar graus de pureza…
Não temos de andar à cata de quantos avós judeus e chineses temos...
No fundo ser “indo-europeu” é um “estado de espírito”!

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