quinta-feira, novembro 06, 2008

O Fim da Democracia no Velório da República

















"Democracy in classical thought was never an “ideal” or best form of rule. In fact, it was a deviant form, not the worst, but still a reflection of a disorder in the souls of the citizens who placed the liberty to do what they wanted as the end of their regime. Moreover, it was from democracy that the worst forms of tyranny were likely to arise. This likelihood was not accidental. It existed because the smooth young tyrant would come forth from democracy’s undisciplined ranks to lead those who had no real internal principles of order in their souls except what they wanted. They tyrant would offer them what they wanted. Soon, on gaining power, he would tell them what they wanted, whether they wanted it or not."

James V. Schall

Podem os leitores achar que fui acometido por loucura obamista ou que estarei a exagerar, mas a noite de ontem foi o culminar de uma revolução. Ontem caíram os últimos resquícios da América e do seu carácter excepcional e ninguém se levantou pelos princípios americanos ou para defender a América dos seus inimigos permanentes. Se é verdade que os princípios americanos estiveram sempre debaixo de fogo (por serem insuficientes), foi constante a dicotomia entre alguma ortodoxia constitucionalista e uma posição oposta à soberania da constituição e dos seus princípios originários. Ontem, porém, ninguém levantou a voz contra Obama e a sua concepção de justiça igualitária, a sua visão da política como forma de acabar com as desigualdades, a sua visão de uma presidência omnipotente, o desejo que lhe pulsa no peito de apenas aceitar como lícitas as posições religiosas subservientes ao Estado.
Como lembra o MCB, a América de Obama é o oposto da América de Tocqueville. É a América da religião da igualdade, da democratização mundial multilateralista (que só se opõe no modo e não nas finalidades a Bush, como já havia feito a Europa), das políticas de discriminação positiva aplicadas pelos Estados que subordinam o público ao privado, das distribuições centrais de recursos, das instituições sociais de que o Estado dispõe segundo a sua vontade, das formas de aborto que se aproximam do infanticídio (“partial birth abortion”). Hipnotizados pelos media, que levam o slogan ao limite, muitos dos que são contra esta América obamista, unem-se na festa pela maturidade de uma democracia que elege uma membro de uma minoria para Presidente, como se o tom de pele do candidato fosse relevante para o que quer que seja e se a minoria mais importante dos nossos dias não fosse constituída pelos que não afinam pelas “internacionais” que povoam as várias propostas de governo global. A eleição de um dos candidatos independentes que não se encontram enleados na teia de poder global que vai sendo urdida, é que seria uma eleição de um membro minoritário da sociedade. Obama é apenas uma parte visível dessa imensa máquina maioritária. Esta cosmética racial, fora de moda há muitos anos, engana apenas quem quer ser enganado ou enganar os outros.
Parece-me que depois da demonstração do socialismo internacional no apoio à Nova América, nenhum candidato poderá voltar a defender o retrocesso neste estado-de-coisas. A verdadeira marca do demagogo e do povo sem virtude.

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