A Culpa no Executor
O recente ódio dos portugueses à ASAE é apenas mais um dos episódios tristes das exéquias do país em que vivemos. Criticam-se uns quantos homens encapuzados, meia-duzia de funcionários públicos, umas quantas decisões judiciais mais exigentes. Quanto aos fazedores de lei, aqueles que criaram uma situação em que a legislação das actividades económicas portuguesas se encontra nas mãos de gente remota do meio da Europa e desconhecedora de qualquer realidade local, permanecem beneficiários do voto da população em geral e depositários das esperanças da populaça.
O ódio à ASAE é apenas sintoma de uma revolta mais profunda dos portugueses contra si próprios, contra a esperança de um dia virem a ser europeus como os outros todos e experimentarem uma vida de abundante sensaboria. Como não prescindem do sonho de riqueza, vão lamentando a perda da identidade personalizada pela polícia que impede todas as insalubridades que lhes vão servindo de lembrete de quem são, fingindo ignorar que a ASAE é apenas o executor de legislação europeia que visa destruir as produções locais para as redistribuir por grandes estruturas europeias centralizadas de alocação de lucros. Não querendo ficar de fora da mesa do lucro, lá se vai culpando o Estado e assobiando para o lado, pactuando através do protesto.
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