Caro Francisco
Nunca levaria as suas palavras como ofensivas, porque de si só tenho tido palavras de estímulo e gentileza. Dito isto e utilizando a sua analogia, relembro as invasões francesas, na forma como apesar da vitória sobre os exércitos invasores, a derrota veio posteriormente, pela derrota dos princípios. É precisamente por isso que me parece mais importante denunciar as ideias do Invasor, do que combater a sua expressão superficial. O problema não está no executor, que esse serve sempre a mão que o alimenta (basta ver como a função pública do Estado Novo se manteve, com honrosas excepções, pronta a servir o regime de Abril). O problema está sempre no sistema de valores que governa e, no Portugal de hoje, centra-se na abjecta sujeição ao interesse individual, ao materialismo tranformado em matéria constitutiva do Homem, na incompreensão de que o desenvolvimento económico que vivemos não é senão o salário pela submissão a interesses que não são os nossos.
É evidente que a ASAE aplica algumas das leis mais abjectas e mais abjectamente legisladas da História de Portugal, mas o que nos deve preocupar mesmo é a injustiça que lhe serve de base e saber o que leva a que o povo só se preocupe com a imoralidade quando esta lhe bate à porta.
A solução parcelar é sempre um paliativo.
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