segunda-feira, julho 23, 2007

Voegelin e a Ortodoxia














Como quase todos os grandes filósofos Voegelin é melhor nas perguntas que nas respostas. É claro que em toda a pergunta há um milhão de respostas que tacitamente assumidas. Em todo o perguntar existe uma afirmação, assim como em toda a ciência.
Uma ciência que transcende o positivismo tem de ser uma ciência do perguntar, distanciando-se, desta forma, das análises pós-modernas que postulam a arbitrariedade da pensabilidade e a ausência ou incognoscibilidade de uma estrutura extramundana que enquadre e que seja passível de uma análise justificada.
Só por ter contraposto à degenerescência das ciências humanas pós-weberianas uma alternativa de compreensão dos fenómenos no que respeita ao Logos, já mereceria uma leitura. Com a qualidade que o fez, merece estátuas em todas as Universidades que se dignem desse nome e não tenham sucumbido ao carácter politécnico e empresarial que por aí grassa.
Por outro lado, é bem evidente que a estrutura da consciência da obra voegeliniana carece do salto que Wilhelmson verificou faltar e que gerou a interessante discussão entre Olavo de Carvalho e alguns membros da Monfort. Tal só seria importante se se pretendesse fundar uma sociedade sobre postulados voegelinianos, para quem pretendesse fazer de Voegelin um político, e não ver portas para emergir da subterrâneo em que vivemos.
Em linguagem heiddeggeriana e demolindo os seus pressupostos, ainda bem que é a alma e não a inteligência a abrir-se ao Transcendente. Que Deus nos ajude se a contemplação não ordenar a alma.

Etiquetas: