domingo, janeiro 21, 2007

Condições para uma Armadilha


















Em 1975 ainda faltavam uns anitos para que os meus progenitores me concedessem a graça da vida, estando por isso limitado pela ordem natural das coisas a protestar contra o que quer tivesse ocorrido nesse tempo.
Posso falar, contudo, pelos princípios que me norteiam e que me levam a contestar muitas posições de grupos e pessoas que admiro... A minha incondicionalidade não vai para as pessoas ou grupos, mas para aquilo que as transcende. Os grupos são determinados pelos princípios e não são eles que vinculam a responsabilidade ou as crenças. É precisamente isso que creio separa os homens-livres dos escravos do Sectarismo.

A minha posição é a mesma de sempre. Não há direitos à vida absolutos. Nem nada que se leia anteriormente neste blogue diz isso, pois para esse efeito teria de ser contra a "guerra justa" (mal de que me parece estar perfeitamente ilibado)... O que digo é, como de costume, que a morte de alguém é um recurso apenas utilizável para impedir um mal maior.
Nisso estou bem acompanhado pela Evangelium Vitae (aqui citada por César das Neves),

«Claro está que, para bem conseguir todos estes fins, a medida e a qualidade da pena hão-de ser atentamente ponderadas e decididas, não se devendo chegar à medida extrema da execução do réu senão em casos de absoluta necessidade, ou seja, quando a defesa da sociedade não fosse possível de outro modo. Mas, hoje, graças à organização cada vez mais adequada da instituição penal, esses casos são já muito raros, se não mesmo praticamente inexistentes» (EV 56)

onde se apresenta a evolução material e a capacidade de um sistema repressivo e penal eficaz como razão para a diminuição ao mínimo da Pena Capital, facto com que concordo.

Acredito no Perdão, mas a dificuldade da compreensão do arrependimento verdadeiro impede que essa norma vigore sem mais. Se esta vertente tem sempre de ser atendida, é também imperativo que se observem as consequências para a comunidade de uma prática criminosa. Se essa é a Norma do Mundo-que-há-de-vir, dadas as limitações deste em que vivemos, a pena tem também de ser equacionada no seu carácter dissuasor. É por isso que não é possível indultar todos os arrependidos...

Não é preciso achar que Franco não errou para achar que o Franquismo era melhor que o Republicanismo. Nem é preciso ser muito imaginativo para ver o que aconteceria a Portugal na II Guerra Mundial se os Republicanos estivessem aqui ao lado...
Achar que a admiração por um homem nos vincula a aceitar todos os seus erros é acertar ao lado e gritar "touché"...

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