sábado, novembro 25, 2006

Um Acto de Força em favor da Justiça


O amigo Simão questiona se a Monarquia poderá recorrer ao Poder Popular para prevalecer. A questão é a que foquei anteriormente. O Poder Popular, seja em Cortes (na vertente representativa), seja em forma plebiscitária (na vertente directa), pode e foi usado no passado, para fazer prevalecer a Monarquia e a Tradição em momentos em que o poder se encontra dissoluto (em particular em crises dinásticas).
Mais uma vez o importante (não consigo enfatizar este ponto de forma suficiente) não está na escolha, mas no que enquadra a escolha. Se é certo que esta ideia plebiscitária pode significar que existe um poder pré-contractual e pré-político residente em cada homem (o dogma liberal), também pode ser encarado como um acto de força limitado (ao estilo da Constituição de 1933) de apologia de uma Restauração dos direitos tradicionais da Monarquia, como uma cedência dos Direitos de Chefia-do-Estado a uma lei antiga, estabelecida em Cortes segundo as mais antigas leis do Reino. Um primeiro passo para uma Restauração...

O problema é exactamente o mesmo que na questão do Aborto. A vida não é referendável, mas uma vez que nos encontramos numa situação em que os indivíduos têm algum poder para fazer valer os seus desejos e que nos encontramos numa situação em que ambos os elementos, o direito dos nascituros e a justa chefia de Estado, carecem de Positivação, não podemos senão utilizar essa Força. O facto de algo não ser referendável não significa que não tenha de ser positivado... Significa apenas que uma lei que lhe seja contrária será sempre inválida.

O importante é mostrar que a Monarquia é sempre a afirmação de valores que estão acima da escolha, ou então não é monarquia. Se não sonhar ser mais, nada será.
Por isso é Sim, sempre Sim. Mas nunca esquecendo que mais importante que uma bandeira é sempre o país que ela representa.

Se Maurras teve razão nalguma coisa foi na afirmação de que temos o dever de aplicar pela Vontade o que os Antigos aplicaram por Tradição...

Etiquetas: