segunda-feira, abril 10, 2006

O Angolano Vazio


A estranha invenção de uma Angola sem Portugal é um retrato fiel da África dos nossos dias. O marxismo fundamentador nunca existiu... Existiram um conjunto de alianças, de instrumentos de poder, de tentativa de criação de uma lealdade transversal que substituísse a pax lusitana, mas não existiu política. Apenas o cano da espingarda...
Na ponta do cano existe a arbitrariedade, a tal que é sinal da hobbesiana modernidade. A Nova Angola, unida à catanada, é também moderna vazio das almas que a povoam. Se as democracias contemporâneas foram forjadas nas “câmaras de gás”, os regimes pós-marxistas africanos são fruto do “campo de refugiados”, da devastação das guerras por eles provocadas, da destruição das entidades tribais que preenchiam o ser daquelas gentes. Nos campos de refugiados a lei é a da sobrevivência, sem limites e sem ordenação. É a mesma que existe nas lixeiras em torno de Luanda... É a mesma que agora se implanta, por decreto do MPLA, na repovoação das zonas desertificadas, onde o renascimento de autoridades tradicionais é apenas uma fachada para o Poder de Luanda. O enquadramento não é a lei de cada povo, as suas práticas ancestrais e rituais, mas as conveniências e mandos do Semi-Deus Engenheiro dos Petróleos.
O Angolanos são agora muito mais felizes, asseguram-nos!

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