quarta-feira, janeiro 11, 2006

Manual de Fuga da Pós-Modernidade (I)

Uma vez escrevi que não era de direita. Os do costume, os que decidiram não compreender, gritaram logo “lobo em pele de cordeiro”. O que escrevi foi que a direita não é uma posição final, mas um caminho para encontrar o centro. Parece-me ser essa a única posição aceitável para quem anda na busca sincera da parte da Verdade que Deus lhe destinou. Esta posição de encontrar um centro é a oposta daquelas personagens deprimentes que queriam ser de direita e por isso se colocam no oposto de tudo o que é de esquerda. As ideias pré-concebidas dominam a sua mentalidade e logo procedem à destrinça da realidade em moldes que cabem nas suas capacidades intelectivas unidimensionais. “O que é de esquerda é igual, de direita desigual”, dizem, não compreendendo a existência de maiores diferenças entre os membros do Politburo do PCUS e de uma ceifeira do Cazaquistão, do que entre um político e um agricultor em qualquer sociedade ocidental.

Esta mentalidade reactiva é traço fundamental das nossas sociedades.
A mentalidade definida por oposição traz, em si, o espírito da dicotomia, que Scruton diz ser a grande vitória das forças sinistras e da sua vitória cultural. Nessa confusão não há lugar para verdade ou para interpretação de um princípio. Há vontades, interesses e nenhum critério para aferir os melhores e piores... Há apenas o que nós queremos e o que eles querem.
Nesse ponto nada distingue as esquerdas das direitas de hoje. Nenhuma diferença existe entre a superficialidade antropológica de Rorty e os paladinos do “racional choice” e do “self-interest”. Em todo o caso existe uma clara aceitação de uma estrutura de poder hobbesiana... Seja no consenso político de Rorty, seja na prossecução utilitária de interesses individuais, não existe lugar para um critério! Há apenas a discricionaridade do poder das maiorias!

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