segunda-feira, janeiro 09, 2006

O Grande Conservador

Há em Portugal uma espécie peculiar de conservadores. À boca cheia se afirmam das mais variadas tendências, só para depois concederem que o que os preocupa realmente são as finalidades liberais da política. Dizem-se conservadores, mas falam apenas de liberdade dos mercados, de escolha, de vontade... Um fartote, que não conseguimos distinguir se causado por ignorância ou por objectivos menos confessáveis.
Por isso penso muitas vezes no que já escreveram e disseram sobre outros conservadores da História de Portugal os pensadores da acidentalidade intelectual, sempre dispostos a mostrarem-se bons alunos do “politicamente correcto” abrilino.
O que eu gostava mesmo de saber era se não partilham comigo este ideário conservador:

São os fins políticos que subordinam as escolhas económicas.
Os fins políticos são definidos em subordinação a uma tradição que é identidade da estrutura política. Essa identidade tradicional consagra-se numa perspectiva cristã e na forma peculiar da estrutura da sociedade.
Os fins a atingir são, no plano da acção, negociados de forma a atingir o exequível e não uma idealidade ingovernável.
A Nação é composta de vínculos de obrigação, que são direitos e deveres, o que pode ser chamado de liberdades colectivas. A preservação da Nação é a preservação desses vínculos.
Esses vínculos só poderão ser salvaguardados restringindo a acção dos que, por influência externa, os tentam destruir, estando essa sobrevivência sobreposta a qualquer ideia abstracta de liberdade de expressão.
As relações com o exterior da comunidade são ditadas pela manutenção dos vínculos políticos, ou seja, pelo interesse nacional e não pelos interesses de qualquer futura comunidade ou ideia abstrata.

Que conservador não concorda com estes princípios?
Não terão sido estes valores a nortear a política portuguesa em grande parte do século XX?

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